O mercado de franquias é conhecido como um dos mais seguros para quem deseja começar a empreender. Segundo os últimos dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF), foram mais de 4 mil novas operações de franquias abertas no ano passado, um crescimento de 12,1% no comparativo com 2023.
No entanto, um levantamento feito pelo Mapa de Empresas, direcionado pelo Ministério do Desenvolvimento, aponta que a má gestão é considerada o principal motivo para o fechamento de negócios de até três anos.
De acordo com o empreendedor e especialista em franquias Leonardo Pereira, muitos destes negócios poderiam ser salvos com uma gestão financeira bem estruturada. “A organização financeira de uma franquia favorece a tomada de decisão por parte do franqueado e permite o crescimento da rede de forma sustentável”, explica.
O executivo é CEO da WeScale, empresa especializada em franchising que tem no portfólio redes como Oral Unic, Selfit Academias, Liso Laser, NF Empreendimentos e Ease Labs Pharma. Para ele, existem 5 pontos importantes para uma gestão financeira sólida de uma franquia:
1. Atenção com o fluxo de caixa
Pode parecer simples, mas ter previsibilidade de entradas e saídas da receita é bastante complexo. De acordo com o CEO da WeScale, é preciso calcular uma reserva de caixa suficiente para suprir pelo menos de dois a três meses das despesas mensais. “O fluxo de caixa é o coração da gestão financeira, é o capital de giro que sustenta a operação. Com ele, o franqueado vai pagar despesas, funcionários, fornecedores e impostos. Uma recomendação é verificar se as compras estão sendo feitas com as melhores cotações possíveis ou se há parcerias vantajosas, por exemplo”, sugere o executivo.
2. Gestão de recursos para investimentos
O capital usado para investimentos necessários, incluindo a abertura do negócio até a ampliação da estrutura e reformas, não deve se misturar com o montante descrito no fluxo de caixa. Pereira destaca que comprometer o fluxo de caixa nos investimentos é um dos erros mais comuns na gestão financeira. “Para fazer investimentos no negócio é preciso estabelecer metas de expansão e reservar um montante para esse objetivo no médio prazo, buscando estruturar as mudanças necessárias sem prejudicar a saúde financeira da franquia”, ressalta.
3. Controle de dívida
Fazer uma dívida é, geralmente, algo necessário para começar um novo empreendimento e ter capital de giro enquanto o negócio ganha tração. Para o CEO da WeScale, dificilmente se deve abrir um negócio com 100% de dívida. “A dívida pode compor uma parcela dos recursos necessários, mas o empreendedor precisa dispor da maior parte do montante demandado para abrir o negócio. Geralmente, a busca ocorre por dívidas de curto prazo, não estruturadas, no entanto, dívidas bancárias voltadas ao investimento no negócio possuem características distintas acerca de juros e prazos de quitação”, explica.
4. Retorno sobre o capital investido
Outro erro apontado pelo especialista é não saber calcular o retorno que o investimento proporciona. “Eu vejo que no Brasil, boa parte dos franqueados não observam o retorno sobre o capital que tiveram de investir para colocar o negócio em pé. Isso é importante para verificar o tempo que o negócio leva para ‘se pagar’ e se tornar lucrativo de fato.”
5. Principais indicativos
Por fim, Leonardo Pereira traz alguns indicativos necessários para a gestão financeira de uma franquia. O primeiro deles é o Demonstrativo de Resultado de Exercício (DRE), que é onde se observa as receitas e despesas dentro de uma perspectiva mensal contábil e também fiscal. Há também outros indicadores como o tíquete médio, margem de lucro, ROI e custos fixos e variáveis.
“Hoje, interpretar fluxo de caixa, DRE e balanço de forma geral é algo complexo, mas necessário para gerir uma franquia. É importante ter uma boa projeção financeira e controlar periodicamente o fluxo de caixa, monitorando KPIs financeiros e controlando o estoque, quando aplicável. O franqueado precisa revisar constantemente os demonstrativos financeiros para garantir a sustentabilidade do negócio e evitar a inadimplência, e estar preparado para direcionar recursos para ações de marketing e publicidade”, explica o executivo.