Teve início nesta quarta-feira, dia 5 de junho, no Expo Mag, no Rio de Janeiro, o CCS Tech Summit, segunda edição do congresso voltado para o tema da Captura e Armazenamento de Carbono (CCS), promovido pela CCS Brasil em parceria com a Interlink Exhibitions. Executivos de indústrias e empresas nacionais e internacionais, representantes de entidades, universidades, institutos, bancos, instituições financeiras e do poder público envolvidos com sustentabilidade e captura e armazenamento de carbono abordaram temas como parcerias e a importância da regulação das atividades do setor.
“Na primeira edição, tivemos painéis que trouxeram a academia, indústria, governo, sociedade de maneira geral para uma conversa um pouco mais introdutória. Agora, vemos uma maturidade muito maior dessas instituições no tema CCS, então precisamos de escala. Por isso, este ano, temos um evento maior, com mais painelistas e dois dias inteiros de debates com foco nas grandes questões institucionais que são exatamente as que estão travando o avanço do desenvolvimento das tecnologias de CCS. Isso porque sabemos que não é uma questão técnica, é uma questão de regulação, licenciamento ambiental e engajamento público“, ressalta a diretora da CCS Brasil, Nathália Weber.
A também diretora da CCS Brasil, Isabela Morbach, explica que a indústria já entende que o CCS é necessário. Entretanto, segundo ela, o Brasil possui uma particularidade que ela classifica como boa e ruim.
“Não estamos atrasados na descarbonização em relação aos outros países. Ao contrário, somos um país de matriz energética limpa. Isso nos dá menos senso de urgência. As empresas ficam muito dependentes dessas regulações saírem, seja para o CCS, para o Hidrogênio e para a Eólica Offshore. Então, estamos em um momento de muita negociação e se tivéssemos mais pressão como outros países têm, talvez já tivéssemos o Projeto de Lei aprovado“, alerta a pesquisadora e advogada do setor.
Importância da comunicação com a sociedade
Na ocasião, o coordenador de CCS na Petrobras, Claudio Zigilo, expôs a necessidade de trazer a sociedade para a discussão em relação à Captura e Armazenamento de Carbono e afirmou que a estatal já trabalha com o tema desde 2008, logo após a descoberta do Pré-Sal. Agora, de acordo com o executivo, mais dois hubs, além do já anunciado no norte fluminense com capacidade para armazenar 100 mil toneladas de CO2 por ano, em São Paulo e Espírito Santo, já estão na fase um de implementação, do total de três.
“Trabalhamos nestes projetos com parcerias, tanto de órgãos ambientais quanto da Agência Nacional do Petróleo (ANP), mas tudo com muita incerteza por causa da falta de regulação, que estamos lutando para que saia o quanto antes“, relata.
O superintendente da ANP, Raphael Moura, afirmou que a agência já iniciou estudosi para regular o ramo no Brasil. “Apesar de não termos muito investimento público, temos muitas empresas que apostam no setor“, analisa. Para a diretora de Estudos para Petróleo e Gás e Biocombustíveis da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Heloísa Borges, isso pode ser acelerado se toda a sociedade souber da importância das tecnologias de CCS para redução e remoção de CO2 para cumprimento das metas climáticas. “Temos potencial para gerar muitas vagas de emprego“, acrescenta.