Você já ouviu falar em inteligência espiritual?
Não, não tem nada a ver com religião. Muitas vezes, a inteligência espiritual poderá vir por meio de sua religiosidade, mas não necessariamente e, sim, de um sentimento de pertencimento a algo maior, que faz com que tenhamos maior capacidade em lidar com as adversidades.
Isso porque, em um mundo com três crises planetárias – aquecimento global, perda da biodiversidade, poluição – gerando outras crises – econômica, política, social e até sanitária, como foi a pandemia do Covid-19.
As pessoas estão mais conscientes sobre os tratados universais de direitos humanos, dos seus direitos e deveres e, principalmente, das tecnologias da comunicação e informação onde, uma má notícia é rapidamente difundida. Então, a premissa “manda quem pode, obedece quem tem juízo” não faz mais parte do mundo dos negócios.
Lista suja de trabalho escravo, índices de melhores lugares para trabalhar, entre outros, ampliam a consciência sobre o véu da ignorância de John Rawls, e o outrora capitalismo de shareholder, dá lugar ao capitalismo de stakeholders, no qual as empresas terão de minimizar seus impactos negativos, enquanto deverão aumentar seus impactos positivos, trazendo benefícios para um conjunto mais amplo da sociedade, em um processo de ganha-ganha-ganha (ganha o acionista, ganha a sociedade, ganha o meio ambiente).
Até mesmo o porquê, estamos todos conectados e não vivemos e nem nossas empresas existem em um vácuo. Esta constatação faz com que líderes tenham de desenvolver uma série de novas habilidades, além da já conhecida competência técnica e emocional, agora, o quociente de inteligência espiritual.
A inteligência espiritual é uma inteligência que nos direciona em momentos de impasse, quando enfrentamos problemas com trabalho, sofrimentos emocionais ou mesmo doenças físicas. São nesses momentos que o Quociente Espiritual nos mostra que, apesar dos problemas existenciais, por meio do propósito maior, encontramos pistas de como solucioná-los. Com isso, ter um quociente espiritual desenvolvido nos traz autoconsciência, espontaneidade, capacidade de ir além dos interesses pessoais, e em busca de um sentido maior para a vida (Razão Humana, 2018).
Com isso, líderes com alta inteligência espiritual são capazes de inspirar suas equipes, promovendo um ambiente de trabalho que valoriza a ética, a integridade e o propósito, criando uma cultura organizacional positiva e motivadora.
Nos processos de tomada de decisão, as empresas com alto quociente espiritual tendem a priorizar a ética e a responsabilidade social, resultando em práticas empresariais mais sustentáveis e justas, beneficiando não apenas a organização, mas também a sociedade como um todo.
Essa empresa também consegue lidar melhor com as questões da diversidade, equidade e inclusão, já que frequentemente promove uma cultura organizacional que enfatiza o respeito e o bem-estar dos colaboradores, fazendo do ambiente de trabalho um local mais harmonioso, colaborativo, onde os funcionários se sentem valorizados e engajados.
Sem contar que, ter um senso de propósito forte e conexão com valores profundos, pode ser uma força motriz em tempos difíceis. Bem como, também podem estimular a criatividade e a inovação, uma vez que seus colaboradores se sentem inspirados e mais propensos a contribuir com ideias inovadoras, a partir do senso de pertencimento e engajamento.
Não é difícil que essas empresas também acabem por se envolver em práticas de responsabilidade social corporativa, investimentos de impacto, contribuindo para causas sociais e ambientais, melhorando não apenas sua imagem, mas sua reputação, ao fazer a diferença positiva no mundo.
Em tempos em que a saúde mental está em voga nas organizações, o burnout é, agora, considerado uma doença ocupacional. A própria Organização Mundial da Saúde afirma que “saúde se define como um estado dinâmico de completo bem-estar físico, mental e espiritual. E não a mera ausência de uma doença”. (Forbes, 2022).
Então, a dica para as lideranças é fundamental permitir-se mudar e incluir novos movimentos que não estavam nos planos. Afinal, não existem empresas e líderes conscientes se não houver pessoas conscientes. Então, não há mudança na forma de se fazer negócios e investimentos se, internamente, não houver um processo interno de expansão da consciência.
Seja por convicção, conveniência ou constrangimento, a agenda ESG veio para ficar e, com ela, novos desafios para as empresas no século XXI. Além da produção econômica e distribuidoras de valor aos acionistas, para também serem geradoras de valor e bem-estar social e, isso vai além da transparência, da identificação de riscos e, sim, de assumir compromissos e responsabilidades com um conjunto amplo da sociedade.
Como, por exemplo, uma cultura de cuidado e respeito 5 P (prosperidade, pessoas, planeta, paz e parcerias), a fim de alcançarem a sustentabilidade de longo prazo.
Referências Bibliográficas:
Rodrigues, L. A inteligência espiritual: o que isso tem a ver com o futuro das lideranças?
Razão Humana. Inteligência Espiritual nos Negócios – O diferencial para o futuro das organizações.