Por Valéria Lúcia da Silva
Nos últimos quatro dias, os incêndios no Pantanal consumiram mais de 61 mil hectares do bioma, de acordo com o Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (LASA-UFRJ). Desde 1º de janeiro até a última quinta-feira (27), o fogo já atingiu 688.125 hectares da região.
Para a coordenadora e pesquisadora do laboratório, Renata Libonati, apesar das condições adversas causadas pelas mudanças climáticas, os incêndios só ocorrem com alguma forma de ignição e que, após uma análise técnica, foi constatado que entre maio e junho não houve ocorrência de raios na região. Segundo especialistas, as causas das queimadas atuais são de origem humana. “Mesmo havendo proibição do uso do fogo em qualquer circunstância, os incêndios continuam acontecendo”, disse a coordenadora.
Renata Libonati declarou que a combinação de seca extrema, temperaturas acima do normal e vegetação predisposta a incêndios colocam em risco os esforços de contenção do fogo, mesmo com temperaturas mais baixas nos últimos dias. “Os indicadores de dificuldade de se controlar o fogo, que refletem as condições climáticas, são os mais altos já registrados desde, pelo menos, 2003”, observou.
De acordo com o promotor de Justiça do Núcleo Ambiental, Luciano Furtado Loubet, o Ministério Público Estadual identificou 18 pontos de ignição em 14 locais de 12 propriedades privadas e o trabalho é realizado em parceria com as forças militares do estado, tanto na investigação e responsabilização administrativa e criminal pela Polícia Militar Ambiental, quanto nas atividades de prevenção. “Identificamos as propriedades prioritárias, os Bombeiros visitam, notificam para que façam aceiro, orientam para que treinem brigadistas e se inscrevam no Pantanal em Alerta, um sistema que envia informações sobre focos de calor aos proprietários a cada hora.”
Em visita ao município de Corumbá, onde há maior incidência de fogo, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, fez um apelo para que não haja mais manejo de fogo na região. “Se não pararmos de colocar fogo, ninguém conseguirá lidar com essa junção perversa de El Niño com La Niña, sem nenhum intervalo que são as mudanças climáticas e a severa escassez hídrica, pois o Pantanal não tem mais atingido a cota de cheia”, concluiu a ministra.