O governo dos Estados Unidos anunciou nesta segunda-feira (14) o congelamento de aproximadamente US$ 2,3 bilhões (cerca de R$ 13,1 bilhões) em subsídios e contratos com a Universidade de Harvard. A decisão ocorre após a instituição declarar que não atenderá às exigências da gestão do ex-presidente Donald Trump, que incluem o encerramento de programas voltados à inclusão e equidade.
Mais cedo, Harvard reiterou seu compromisso com iniciativas de diversidade, contrariando diretrizes do governo republicano, que vem pressionando universidades a abandonarem políticas afirmativas. O impasse amplia o embate entre a administração Trump e instituições de ensino superior que resistem à agenda conservadora na educação.
Entre as imposições está também a proibição do uso de máscaras em campi universitários — uma iniciativa interpretada como uma tentativa de conter manifestantes pró-Palestina. O governo argumenta que os protestos contra a guerra na Faixa de Gaza, registrados em 2024, foram motivados por antissemitismo.
As pressões sobre Harvard fazem parte de um esforço mais amplo da administração Trump para utilizar recursos públicos como ferramenta de coerção, visando alinhar políticas de grandes universidades com sua agenda conservadora e restringir manifestações contrárias em ambientes acadêmicos.
Em comunicado interno, o presidente de Harvard, Alan Garber, declarou que “nenhum governo — independentemente do partido — deve ditar o que universidades privadas podem ensinar, quem podem admitir ou contratar, e quais áreas podem pesquisar”.
Segundo a Casa Branca, a iniciativa tem como objetivo “tornar o ensino superior grande novamente”. Em comunicado, o porta-voz Harrison Fields afirmou que Trump está agindo para “acabar com o antissemitismo descontrolado” e garantir que “o dinheiro do contribuinte federal não financie o apoio de Harvard à discriminação racial perigosa ou à violência por motivos raciais”.
A medida faz parte de um esforço mais amplo da administração para condicionar o repasse de verbas públicas à adoção de diretrizes políticas por universidades. Em março, a Universidade Columbia já havia sido alvo da mesma estratégia: teve US$ 400 milhões (R$ 2,3 bilhões) bloqueados, mas aceitou as revisões exigidas pelo governo para recuperar parte dos recursos.