Desde cedo, somos estimulados a desenvolver alguns comportamentos, tanto para nos protegermos, quanto para sermos aceitos.
Nessa medida, somos estimulados a ser simpáticos e educados, recebendo como recompensa, presentes, carinho e afeto.
Em outras circunstâncias, quando crescemos em um ambiente hostil, pouco acolhedor, podemos desenvolver a tendência de querermos ficar invisíveis, chamar menos atenção possível, e ,assim, passarmos desapercebidos na tentativa de sofrer menos opressão.
Quando um comportamento gera um resultado esperado, isso acaba reforçando e validando o comportamento (chamado reforço positivo) e esse comportamento é incorporado ao nosso modelo de atuação.
Sem percebermos, assumimos que nascemos com essas características, ignorando que muitas delas foram uma resposta a ambientes externos específicos. Pior, às vezes não percebemos mudança do ambiente externo e seguimos mantendo o mesmo padrão de comportamento.
Trazendo esta reflexão para o mundo corporativo, há uma tendência para superestimarmos a nossa competência nos casos de sucesso e subestimarmos as nossas falhas nos casos de fracasso. É aquela situação onde o aluno que é aprovado diz: passei de ano, e quando é reprovado diz : o professor me deu pau.
Explico: o sucesso, principalmente no mundo corporativo, é definido por uma variedade de fatores. De maneira simples podemos dizer que ela acontece quando se está no lugar certo na hora certa. Contudo, é levar em conta que os lugares, os momentos e as circunstâncias mudam, razão pelo qual não há garantia de que o sucesso anterior venha se repetir.
Já fui testemunha de executivos que, tendo êxito em uma determinada empresa foram contratados pela concorrência, mas que no novo ambiente não conseguiram repetir a performance anteror e acabaram sendo desligados dessa e de algumas seguintes.
Já tendo demonstrado sua competência o que teria acontecido para serem desligados de outras empresas?
Competência é condição necessária, mas, seguramente, não é condição suficiente. Conhecer a cultura da empresa e do superior imediato, seu histórico de relacionamento com a equipe, assim como dos seus possíveis pares, é essencial para saber se haverá match entre você e a nova organização, fator relevante não só para seu sucesso, mas também para seu bem estar emocional.
Quando alcançamos sucesso, a tendência é focarmos no que fizemos, nas nossas qualidades e competências e investimos pouco tempo analisando a contribuição do ecossistema.
O sucesso reforça o nosso comportamento (reforço positivo) e autoconfiança, fazendo com que em novos desafios, repitamos o que fizemos num passado recente, esquecendo de avaliar que o entorno já não é mais o mesmo. Tal qual aquela criança, continuamos sorrindo à espera do carinho ou nos escondendo para fugir da perseguição nos esquecendo que já não somos mais crianças, que é preciso muito mais do que sorrisos para conquistar acolhimento e que o momento atual exige que você se posicione à luz da nova realidade.
A incapacidade de compreender os diferentes ecossistemas e adequar às suas atitudes, confiando somente na sua capacidade e no sucesso anterior, o manterá preso ao passado sem conseguir avançar rumo ao sucesso futuro.