A indústria brasileira de alimentos deu mais um grande passo rumo à sustentabilidade do setor, com o lançamento do Instituto ABIA de Meio Ambiente, nesta segunda-feira, 25/08, em São Paulo. A atuação da entidade, sem fins lucrativos, tem o objetivo de desenvolver projetos de impacto ambiental e o rigoroso cumprimento das metas da legislação brasileira, com foco na logística reversa de embalagens. O evento de lançamento contou com participação de representantes da indústria, do poder público, da Associação Nacional dos Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis (ANCAT) e da Associação Brasileira de Embalagem de Aço (Abeaço), as duas últimas parceiras em projetos de impacto ambiental e social.
“O Instituto ABIA nasce do reconhecimento de que os desafios ambientais demandam ações coordenadas, estruturantes e eficientes. Mais do que um projeto institucional, é uma evolução concreta da nossa responsabilidade como setor. A entidade será uma ferramenta de diálogo entre as empresas da área, autoridades, órgãos governamentais e a sociedade civil”, afirmou o presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA) e do Instituto ABIA de Meio Ambiente, João Dornellas.
O Instituto ABIA de Meio Ambiente inicia suas atividades com a meta de reciclar 32% das embalagens que a as indústrias associadas colocam no mercado, percentual que deverá aumentar para 50% em 2040. A gerente executiva do Instituto, Helen Miari, destacou que a adesão é voluntária e que 33 empresas já aderiram, incluindo algumas das maiores que operam no país. “Nosso grande objetivo é que as empresas participem da entidade por meio da conscientização sobre a importância da logística reversa de embalagens”, explicou.
O presidente do Conselho Diretor da ABIA, Gustavo Chiarini Bastos, vice-presidente Jurídico e de Assuntos Públicos da Nestlé Brasil, ressaltou que a gestão apropriada das embalagens é fundamental para a indústria de alimentos. “Por isso, o Instituto vem com esse papel tão importante de ser uma entidade gestora de logística reversa de embalagens. A ABIA é uma entidade pioneira nessa questão, muito antes, inclusive, do acordo setorial. Desde 2012, já atua no tema da logística reversa de embalagens”, detalhou Bastos.
Márcio Barela, presidente do Conselho Diretor do Instituto ABIA e gerente de Sustentabilidade da Cargill, enfatizou que a entidade já nasce com governança, conselho e comitê técnico abertos a todas as empresas que queiram participar. “Queremos fazer isso juntos. Desejamos que todas as empresas tenham voz ativa nas decisões. Acredito que, assim, seremos mais fortes do que com ações individuais de cada empresa. Trabalhamos para dar o máximo de transparência para as companhias participantes”, ressaltou.
De acordo com Barela, além do cumprimento das obrigações legais e das diferentes legislações estaduais, há grandes desafios a serem enfrentados, como garantir que os direitos humanos e as condições de trabalho dignas sejam respeitadas nas organizações de catadores de materiais recicláveis, salientou.
Durante o evento de lançamento, foi formalizada a parceria com a Associação Nacional dos Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis (ANCAT) e a Associação Brasileira de Embalagem de Aço (Abeaço). “Para nós, é fundamental estabelecer essa parceria no setor de embalagens, porque demonstra o fortalecimento e o reconhecimento dos catadores de materiais recicláveis, que, muitas vezes, trabalham no anonimato”, disse Roberto Rocha, presidente da ANCAT.
A presidente executiva da Abeaço, Thais Fagury, também celebrou o convênio firmado com o Instituto ABIA de Meio Ambiente, lembrando a evolução da logística reversa no setor de embalagens de aço. “No primeiro ano, conseguimos revalorizar pouco mais de mil toneladas. Ano passado, o objetivo era valorizar 65 mil toneladas de latas de aço e entregamos um resultado de quase 82 mil toneladas”, revelou. Thais estimou que, com apoio do Instituto ABIA, a entidade deve avançar ainda mais nesta pauta, trabalhando em conjunto com os catadores de materiais recicláveis.
O lançamento do Instituto ABIA de Meio Ambiente contou também com a participação de representantes do setor público, tanto da esfera federal quanto do governo do estado de São Paulo. Por vídeo, Adalberto Maluf, secretário Nacional de Meio Ambiente Urbano e Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, falou sobre a importância da criação do Instituto, por conta da importância econômica do setor de alimentos na economia do país. “A ABIA é a maior representante da indústria de alimentos brasileira, reunindo pequenas, médias e grandes empresas. O setor gera mais de 2 milhões de empregos e representa 10% do nosso PIB”, ressaltou Maluf.
Já Rodrigo Bonecini, coordenador-Geral de Bioeconomia e Economia Circular no Departamento de Novas Economias da Secretaria de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, falou sobre “Economia Circular e a Nova Indústria Brasil”. “A economia circular, com seus princípios, tem uma atuação transversal, que pode colaborar muito para mitigar esses impactos que podem comprometer os sistemas socioeconômicos”, detalhou Bonecini.
Maria Fernanda Pelizzon Garcia, gerente do Departamento de Sustentabilidade da CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), abordou o tema “Logística Reversa e o Licenciamento Ambiental”. Em sua palestra Fernanda ressaltou que a CETESB tem evoluído na divulgação de informações sobre os processos de licenciamento, de forma transparente. A gerente ressaltou ainda que a autarquia está estudando as melhores formas de contribuir para desenvolvimento da economia circular.