Em 2025, a capacidade estática nacional atingiu 213 milhões de toneladas, um crescimento de apenas 0,5% em relação ao ano anterior, segundo a Conab. No mesmo período, a produção de soja e milho mantém alta média anual de 6% desde 2010.
O país possui atualmente 11.921 unidades armazenadoras ativas, com o Mato Grosso na liderança em capacidade instalada, somando 52 milhões de toneladas, e o Rio Grande do Sul no número de estabelecimentos, com 3.278*.
Apesar do avanço modesto, o gargalo não se resume à falta de espaço. A maior parte das estruturas existentes está tecnologicamente defasada. “Cerca de 90% das unidades ainda realizam suas operações de forma manual, dependentes do operador para acionar sistemas básicos de aeração e controle. Isso aumenta o risco de deterioração, já que o grão é um organismo vivo e responde a alterações de temperatura e umidade”, afirma Adriano Mallet, diretor da Agrocult Consultoria e Treinamento em Armazenagem, com mais de 30 anos de atuação no setor.
Para especialistas, a modernização por meio do retrofit é o caminho mais imediato para aumentar a eficiência operacional. “Com automação, a unidade deixa de depender de rotinas manuais. Sensores monitoram em tempo real e acionam os equipamentos necessários para manter as condições adequadas. O ganho de eficácia na armazenagem compensa o investimento”, destaca Everton Rorato, diretor comercial da PCE Engenharia.
Segundo ele, além de reduzir perdas e custos com energia e mão de obra, a atualização tecnológica prepara o setor para uma tendência irreversível: a valorização da qualidade do grão. “Hoje já se remunera pelo teor de óleo e de proteína. Esses indicadores estão diretamente ligados à performance da armazenagem. Unidades modernizadas tornam-se mais competitivas nesse novo cenário”, conclui Rorato.
O Brasil é um dos maiores exportadores de grãos do mundo, e ter infraestrutura de armazenagem adequada é essencial para cumprir contratos e prazos. A falta de capacidade ou de eficiência logística pode gerar perdas e diminuir a competitividade no mercado global.
Estruturas modernas evitam perdas físicas (grãos que se deterioram) e perdas financeiras (venda em períodos de preços baixos por falta de armazenamento). Segundo a Conab, perdas na armazenagem inadequada podem variar entre 10% e 15% da produção.