A realização da COP30 em Belém consolida a Amazônia no centro do debate global sobre clima e desenvolvimento sustentável. Durante o encontro, o Governo Federal apresentará o Plano Nacional de Bioeconomia, iniciativa que coloca a biodiversidade como base de uma nova estratégia industrial verde, alinhando ciência, inovação e conhecimento tradicional para geração de renda com a floresta em pé.
A proposta dialoga diretamente com a oitava carta da Presidência da COP, que define a adaptação como princípio estruturante da ação climática nesta “era das consequências”, convocando governos e setor privado a fortalecer soluções que protejam territórios vulneráveis e gerem prosperidade de forma inclusiva.
O movimento coincide com o avanço da inovação de impacto na região. Segundo o estudo Sebrae Startups Amazônia Legal 2025, atualmente a região contabiliza 2.773 startups, com destaque para segmentos diretamente conectados à floresta entre eles Alimentos e Bebidas (12,7%), Agronegócio (11,8%) e Impacto socioambiental (11%).
Só no Pará, estado-sede da COP30, estão 423 startups, sendo 15,8% voltadas a alimentos e ingredientes naturais, o que evidencia a força da bioeconomia no desenvolvimento de cadeias alimentares e ingredientes funcionais de origem florestal.
“A Amazônia vem se transformando numa verdadeira plataforma de inovação para o mundo. O crescimento de startups na região demonstra que a floresta está se consolidando como um importante vetor econômico de longo prazo”, diz Gabriela Souza, gerente de operações da Amaz Aceleradora de Impacto, do Idesam.
Com o objetivo de conectar negócios sustentáveis a investidores, nacionais e até internacionais, fortalecendo assim cadeias produtivas para ampliar o acesso a investimentos, a partir do dia 10/11 acontece a edição especial do FIINSA – Festival de Investimentos de Impacto e Negócios Sustentáveis da Amazônia na COP30.
Na programação do FIINSA acontece o Mercado Amazônia, espaço dedicado à exposição de 50 marcas da floresta no Centro Universitário do Pará (CESUPA). Os empreendimentos participantes fazem parte do Lab de Impacto, executado pelo Impact Hub Manaus e pela AMAZ Aceleradora de Impacto, coordenada pelo Idesam, com curadoria da ASSOBIO (Associação dos Negócios de Sociobioeconomia da Amazônia).
Entre os destaques do FIINSA está a Tribo Superfoods, startup paraense que transforma açaí, cupuaçu e cacau em produtos de alto valor agregado, com impacto direto em comunidades ribeirinhas. “A Tribo nasceu em 2022 para criar soluções que garantissem renda por mais tempo às comunidades e reduzissem o avanço da monocultura e do desmatamento”, afirma Maurício Pantoja, fundador da startup.
A empresa opera diretamente com cooperativas para eliminar atravessadores e valorizar quem vive da floresta. “Pagamos pelo menos 15% a mais que o mercado, já capacitamos 126 produtores e atuamos com 346 famílias, apoiando a preservação de cerca de 30 mil hectares de floresta.”
O empreendedor explica que a rastreabilidade e a transparência são diferenciais da marca e de seus produtos. “O cliente recebe certificação de origem e consegue ver quem produziu e qual impacto foi gerado, o que torna a relação mais confiável e por consequência faz o mercado estar disposto a pagar mais por nossos produtos, pois reconhece os benefícios para toda a cadeia produtiva, incluindo o meio ambiente.”
Com presença comercial no Brasil e Europa, a Tribo SuperFoods tem planos de expandir sua atuação para o mercado asiático e beneficiar mais 700 famílias até 2028.
Com o lançamento do Plano Nacional de Bioeconomia e iniciativas como o FIINSA, a COP30 posiciona o Brasil como referência global em tecnologias da natureza, alimentos sustentáveis, inovação social e economia de baixo carbono. “Essa é a oportunidade do Brasil mostrar ao mundo que floresta em pé, ciência, negócios e comunidades formam o caminho para um futuro climático justo, competitivo e inclusivo, transformando a Amazônia de fronteira exploratória em modelo de desenvolvimento para o século XXI”, encerra André Vianna, um dos organizadores do FIINSA.









