O primeiro projeto de carbono de uma usina sucroenergética no Cerrado, o REDD+ Sertão Veredas será apresentado na COP-30, em Belém (PA), como exemplo de iniciativa que une conservação ambiental, inovação e desenvolvimento sustentável. A apresentação está marcada para o dia 18 de novembro, data simbólica que celebra os 20 anos da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Porto Cajueiro, em Minas Gerais, uma área de 15 mil hectares mantida pela Usina Coruripe e berço do projeto.
A iniciativa é resultado de uma parceria da Usina Coruripe com o Itaú Unibanco, Reservas Votorantim e EQAO. O Itaú é responsável pela assessoria e comercialização dos créditos; a Reservas Votorantim e a EQAO atuam na consultoria técnica e na originação dos projetos. O projeto foi submetido à Verra, principal certificadora internacional de créditos de carbono, e, depois de homologado, terá a previsão de gerar 72 mil créditos de carbono por ano com base na metodologia REDD (redução de emissões por desmatamento e degradação florestal), aplicada a áreas com alta pressão de desmatamento.
Durante a COP-30, o gerente de Sustentabilidade da Usina Coruripe, Bertholdino Apolônio Júnior, será o responsável por apresentar o projeto em um painel no espaço “legado&futuro” da Votorantim. Além de abordar o projeto, ele vai detalhar as atividades desenvolvidas na RPPN Porto Cajueiro, especialmente quanto à conservação de fauna e integração com a comunidade. Também será lançado um vídeo em comemoração aos 20 anos da RPPN.
Segundo ele, o REDD+ Sertão Veredas simboliza uma nova etapa da atuação ambiental da empresa. “O projeto consolida duas décadas de compromisso com a preservação do Cerrado e mostra que é possível aliar conservação, pesquisa e geração de valor econômico. A Porto Cajueiro sempre foi um laboratório vivo de sustentabilidade e, neste ano, estamos dando um passo além, transformando essa proteção em benefício climático para o país”, afirma.
O presidente da Usina Coruripe, Mario Lorencatto, destaca que, em 20 anos, a RPPN Porto Cajueiro se consolidou como uma das reservas privadas mais importantes do Cerrado mineiro. Às margens do rio Carinhanha, afluente do São Francisco, ela integra o Mosaico Sertão Veredas–Peruaçu, corredor ecológico reconhecido pela rica biodiversidade e por abrigar espécies emblemáticas, como onças-pintadas, lobos-guarás, iraras, antas e jaguatiricas. Nesse período, a reserva transformou-se em um polo de pesquisa científica, conservação da fauna e educação ambiental, servindo como modelo de manejo sustentável e referência nacional em projetos de biodiversidade.
Entre as principais iniciativas desenvolvidas no local está o Projeto Bicudo, voltado à reintrodução do Sporophila maximiliani, espécie de pássaro ameaçada de extinção. Após décadas sem ser vista na natureza, a ave voltou a ser registrada na região graças aos esforços do criadouro conservacionista instalado dentro da reserva. A iniciativa é conduzida em parceria com instituições como o Instituto Ariramba, Fundação Grupo Boticário, Museu de Zoologia da USP e Universidade Federal de São Carlos, e já resultou no nascimento de novos exemplares preparados para soltura. Outro destaque é o Projeto Mamíferos, que realiza o monitoramento permanente de espécies de médio e grande porte, que auxilia no desenvolvimento de estratégias e ações de proteção, conservação e manejo das espécies
Segundo Lorencatto, o REDD+ Sertão Veredas consolida a vocação da RPPN como espaço de integração entre ciência e sustentabilidade. “Nosso propósito é dar continuidade ao que construímos nesses 20 anos, ampliando o impacto positivo sobre o Cerrado e as comunidades vizinhas. O projeto de carbono é uma nova forma de valorizar o que sempre defendemos: manter a floresta em pé é, acima de tudo, um investimento no futuro”, avalia.









