O CEO da Azul, John Peter Rodgerson, e o vice-presidente de finanças da companhia, Alexandre Malfitani, tornaram-se alvos de um processo administrativo sancionador aberto pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A ação visa apurar possíveis infrações às normas do mercado de capitais brasileiro relacionadas à divulgação de informações financeiras.
O processo da CVM baseia-se em uma entrevista concedida por Rodgerson em agosto de 2024, na qual o executivo apresentou projeções financeiras da companhia. Na ocasião, ele projetou uma receita de R$20 bilhões para o ano e indicou a possibilidade de a Azul gerar um adicional de R$1 bilhão em 2025 em função de um plano estratégico.
As projeções otimistas feitas pelo CEO ocorreram meses antes de a companhia aérea enfrentar uma grave crise financeira. Cerca de nove meses após a entrevista citada no processo, em maio deste ano, a Azul anunciou que havia solicitado proteção sob o Capítulo 11 da Lei de Falências dos Estados Unidos — um mecanismo semelhante à recuperação judicial no Brasil. O pedido foi aceito pela Justiça americana no mesmo mês.
Em seu comunicado à época, a companhia explicou que o processo permite que as empresas operem normalmente enquanto trabalham para reestruturar sua saúde financeira, visando reduzir o endividamento e gerar caixa.
O plano de recuperação judicial da Azul envolvia US$ 1,6 bilhão em financiamento e previa a eliminação de mais de US$ 2 bilhões (cerca de R$ 11,28 bilhões) em dívidas, além de US$ 950 milhões em novos aportes de capital na saída do processo.
É importante notar que o processo aberto pela CVM é de natureza administrativa, e não judicial, mas segue regras específicas para garantir a transparência e o direito de defesa dos acusados. O caso ainda será submetido a julgamento na CVM.
A Azul informou ter ciência da ação e reiterou seu compromisso com a transparência e o cumprimento das legislações vigentes, afirmando que permanece à disposição da CVM para os esclarecimentos necessários.









