Com impacto acima da média nacional, a indústria amazonense concentra 52% do VBP (Valor Bruto de Produção) estadual e a ZFM lidera 35,3% da arrecadação de toda a Região Norte
Na COP30, CIEAM apresenta manifesto com compromissos, dados estratégicos e propostas para um novo pacto de desenvolvimento verde na região
Manifesto traz compromissos de carbono zero, equidade e bioeconomia integrando floresta, tecnologia e desenvolvimento regional
A Amazônia pretende deixar de ser tratada como fronteira distante e passar a ocupar o centro das decisões sobre o futuro climático do planeta. É com essa mensagem que o CIEAM (Centro da Indústria do Estado do Amazonas) teve sua participação estratégica na COP30 na última quarta-feira, 19 de novembro.
Régia Moreira Leite, coordenadora da Comissão de ESG da entidade, esteve presente na palestra “A Bioeconomia como Caminho para a Transição Ecológica e o Desenvolvimento Sustentável da Amazônia” e fez a leitura do “Manifesto da Indústria da Amazônia para a COP30”, documento que reúne compromissos, dados e propostas estruturantes para uma nova rota de desenvolvimento verde no país.
Segundo a especialista, a mensagem da região é clara: a Amazônia não é espectadora da transição ecológica, é protagonista. “A indústria da Amazônia quer deixar um recado ao mundo: nós já fazemos desenvolvimento com floresta em pé, com tecnologia e com justiça social. O que apresentamos agora é um chamado à coragem: o Brasil precisa assumir a Amazônia como seu maior ativo climático e industrial”, comenta a coordenadora.
Urgência de um novo olhar
O documento traz evidências que mostram o impacto real do modelo amazônico no desenvolvimento sustentável do país e desmontam, de forma categórica, a narrativa de que o modelo industrial amazônico não gera impacto real para o Brasil.
Segundo o texto oficial, a indústria do Amazonas é responsável por 52% de todo o VBP (Valor Bruto de Produção) do estado do Amazonas, enquanto a média nacional é de apenas 32%. A ZFM (Zona Franca de Manaus) ainda concentra 35,3% de toda a arrecadação tributária da Região Norte, demonstrando sua relevância fiscal e econômica.
“Esses não são números de marketing. São provas: a Amazônia já é uma barreira climática ativa e uma plataforma de desenvolvimento justo. Precisamos que o Brasil e o mundo passem a enxergar isso como um ativo estratégico”, destaca a empresária.
Manifesto do CIEAM
O manifesto assinado pelo CIEAM, indústrias da Zona Franca de Manaus, Observatório ESG Amazônia, trabalhadores e pesquisadores, deixa claro que a ZFM não é um projeto do passado, mas a base de um modelo de futuro para o Brasil e para o planeta.
É importante lembrar que PIM (Polo Industrial de Manaus) abriga mais de 600 indústrias de alta tecnologia, com 572.990 trabalhadores, sendo que cerca de 138 mil são contratados diretos pelas indústrias da região. O PIM também concentra a atividade econômica e reduz a pressão por desmatamento em outras áreas da floresta.
O documento reafirma compromissos públicos até 2035, entre eles:
- Neutralidade de carbono nos processos industriais, com metas verificáveis;
- Inclusão das cadeias produtivas da biodiversidade e participação das populações indígenas com rastreabilidade completa;
- Equidade de gênero e raça nas lideranças e conselhos das empresas;
- Economia circular e logística reversa como pré-requisitos operacionais.
“Tudo o que estamos propondo já está em curso. A indústria amazônica não espera incentivos, ela entrega soluções. Nosso compromisso é transformar os resultados de hoje em políticas de Estado para o amanhã”, reforça Régia.
Propostas estruturadas
O manifesto também apresenta recomendações estratégicas para governos e organismos internacionais:
- Adesão plena ao mercado regulado de carbono, com projetos jurisdicionais ancorados na ZFM para valorizar a floresta conservada e acelerar a industrialização verde.
- Criação do Selo “ZFM+ESG Amazônia Industrial Sustentável”, coordenado pela SUFRAMA, com auditoria social e chancela científica.
A declaração conclui com uma afirmação categórica: a Amazônia não é periferia do mundo industrial, é o eixo da solução climática global. “Somos a indústria da floresta. Produzimos com responsabilidade, distribuímos com justiça e inovamos com propósito. Este é o pacto amazônico que o mundo precisa conhecer e apoiar”, finaliza Régia.
Sobre o CIEAM
O Centro da Indústria do Estado do Amazonas (CIEAM) é uma entidade empresarial com personalidade jurídica, ligada ao setor industrial, que tem por objetivo atuar de maneira técnica e política em defesa de seus associados e dos princípios da economia baseada na Zona Franca de Manaus (ZFM). Implementada pelo governo federal em 1967, com o objetivo de viabilizar uma base econômica no Amazonas e promover melhor integração produtiva e social entre todas as regiões do Brasil, a Zona Franca de Manaus é um modelo de desenvolvimento regional bem-sucedido que devolve aos cofres públicos mais da metade da riqueza que produz. Atualmente, são 600 empresas instaladas no Polo Industrial de Manaus (PIM). O estado do Amazonas tem 546 mil empregos, dos quais 130 mil são diretos do PIM e garantem a preservação de 97% da cobertura florestal do Amazonas. Encerrou 2024 com um faturamento de R$ 204 bilhões.




