A confiança do consumidor brasileiro encerrou o ano de 2025 em trajetória de alta, atingindo em dezembro o seu patamar mais elevado nos últimos doze meses. Segundo dados da Fundação Getulio Vargas (FGV) divulgados nesta segunda-feira (22), o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) subiu 0,4 ponto, alcançando 90,2 pontos. Este é o quarto avanço mensal consecutivo do indicador, que não registrava um nível tão alto desde dezembro de 2024, quando marcou 91,3 pontos.
O desempenho positivo do índice foi sustentado principalmente pela melhora nas projeções para o futuro. O Índice de Expectativas (IE) saltou 1,4 ponto, chegando a 95,2 pontos, impulsionado por um otimismo crescente em relação à economia local nos meses vindouros.
Em contrapartida, a percepção sobre o presente apresentou deterioração: o Índice de Situação Atual (ISA) recuou 1,4 ponto, fixando-se em 83,4 pontos. Esse descompasso revela que, embora o cenário imediato ainda seja considerado difícil, há uma aposta na recuperação econômica a médio prazo.
No recorte por faixas de renda, o crescimento da confiança foi liderado pelas famílias de menor poder aquisitivo. Para o grupo que recebe até R$ 2.100 mensais, o índice saltou 4,2 pontos, atingindo 90,4 pontos. Por outro lado, a classe média (faixa entre R$ 2.100 e R$ 4.800) registrou uma queda acentuada de 5,2 pontos. Essa variação heterogênea reflete as diferentes pressões sentidas no orçamento doméstico, embora o mercado de trabalho aquecido e o aumento do poder de compra tenham servido de suporte para a média geral.
De acordo com Anna Carolina Gouveia, economista do FGV IBRE, o cenário atual é de um consumidor “menos pessimista”, mas que ainda lida com obstáculos significativos. “A evolução do ICC vem sendo impulsionada sobretudo pelas expectativas, enquanto os indicadores de situação atual sugerem um quadro ainda desafiador”, avalia a economista. Ela pontua que, apesar do alento vindo do emprego, o endividamento e a inadimplência continuam a exercer pressão sobre as famílias brasileiras.
A coleta de dados, realizada entre os dias 1º e 18 de dezembro, também mostrou que o ímpeto para a compra de bens duráveis teve uma leve melhora de 0,3 ponto. No cálculo das médias móveis trimestrais, critério utilizado para suavizar variações pontuais e identificar tendências de longo prazo, o ICC avançou 0,9 ponto, confirmando o viés de recuperação moderada da confiança no encerramento do ano.









