Mísseis balísticos disparados pelos rebeldes Houthi do Iêmen atingiram três navios comerciais no Mar Vermelho no domingo, enquanto um navio de guerra dos EUA abateu três drones em legítima defesa durante o ataque de uma hora, disseram os militares dos EUA. Os Houthis, apoiados pelo Irã, reivindicaram dois dos ataques.
Os ataques marcaram uma escalada numa série de ataques marítimos no Médio Oriente ligados à guerra Israel-Hamas, à medida que vários navios se encontravam na mira de um único ataque Houthi pela primeira vez no conflito. Os EUA prometeram “considerar todas as respostas apropriadas” na sequência do ataque, apelando especificamente ao Irão, depois de as tensões terem sido elevadas durante anos devido ao rápido avanço do programa nuclear de Teerão .
“Estes ataques representam uma ameaça direta ao comércio internacional e à segurança marítima”, afirmou o Comando Central militar dos EUA num comunicado. “Eles colocaram em risco a vida de tripulações internacionais que representam vários países ao redor do mundo.”
O ataque começou por volta das 9h15, horário local (06h15 GMT), em Sanaa, controlada pelos Houthi, capital do Iêmen, disse o Comando Central.
O USS Carney, um contratorpedeiro da Marinha, detectou um míssil balístico disparado de áreas do Iêmen controladas pelos Houthi contra o graneleiro Unity Explorer, com bandeira das Bahamas. O míssil atingiu perto do navio, disseram os EUA. Pouco depois, o Carney abateu um drone que se dirigia em sua direção, embora não esteja claro se o destróier era o alvo, disse o Comando Central.
Cerca de 30 minutos depois, o Unity Explorer foi atingido por um míssil. Ao responder ao seu pedido de socorro, o Carney abateu outro drone que se aproximava. O Comando Central disse que o Unity Explorer sofreu pequenos danos causados pelo míssil.
Dois outros navios comerciais, os graneleiros Número 9 e Sophie II, de bandeira panamenha, foram ambos atingidos por mísseis. O Número 9 relatou alguns danos, mas nenhuma vítima, e o Sophie II não relatou danos significativos, disse o Comando Central.
Enquanto navegava para ajudar o Sophie II por volta das 16h30, horário local (13h30 GMT), o Carney abateu outro drone que se dirigia em sua direção. Os drones não causaram danos.
O Carney, um destróier de mísseis guiados da classe Arleigh Burke, derrubou vários foguetes que os Houthis dispararam contra Israel durante a guerra daquele país contra o Hamas na Faixa de Gaza. Não foi danificado em nenhum dos incidentes e nenhum ferimento foi relatado a bordo. O Departamento de Defesa inicialmente descreveu o ataque simplesmente como um ataque ao Carney antes de fornecer mais detalhes.
O porta-voz militar Houthi, Brig. O general Yahya Saree reivindicou dois dos ataques de domingo, dizendo que o primeiro navio foi atingido por um míssil e o segundo por um drone enquanto estava no Estreito de Bab el-Mandeb, que liga o Mar Vermelho ao Golfo de Aden. Saree não mencionou nenhum navio de guerra dos EUA envolvido.
“As forças armadas iemenitas continuam a impedir que os navios israelitas naveguem no Mar Vermelho (e no Golfo de Aden) até que a agressão israelita contra os nossos fiéis irmãos na Faixa de Gaza pare”, disse Saree. “As forças armadas iemenitas renovam o seu aviso a todos os navios israelitas ou associados a israelitas de que se tornarão um alvo legítimo se violarem o que é afirmado nesta declaração.”
O transporte marítimo global tem sido cada vez mais visado, à medida que a guerra entre Israel e o Hamas ameaça tornar-se num conflito regional mais amplo – mesmo quando uma trégua interrompeu brevemente os combates e o Hamas trocou reféns por prisioneiros palestinianos detidos por Israel. No entanto, o colapso da trégua e a retoma dos ataques aéreos israelitas punitivos em Gaza e uma ofensiva terrestre ali aumentaram o risco de mais ataques marítimos.
Em Novembro, os Houthis apreenderam um navio de transporte de veículos também ligado a Israel no Mar Vermelho, ao largo do Iémen. Os rebeldes ainda mantêm o navio perto da cidade portuária de Hodeida. Mísseis também pousaram perto de outro navio de guerra dos EUA na semana passada, depois que este ajudou um navio ligado a Israel que havia sido brevemente apreendido por homens armados. Separadamente, um navio porta-contêineres de propriedade de um bilionário israelense foi recentemente atacado por um suposto drone iraniano no Oceano Índico.
Há já algum tempo que os Houthis não tinham como alvo directo os americanos, aumentando ainda mais os riscos no crescente conflito marítimo. Em 2016, os EUA lançaram mísseis de cruzeiro Tomahawk que destruíram três locais de radar costeiros em território controlado pelos Houthi para retaliar os mísseis disparados contra navios da Marinha dos EUA na altura.
Fonte: AP NEWS
