A despeito da misteriosa demissão do CEO Sam Altman pelo Conselho de Administração, sob alegação de que não havido sido suficientemente “franco” com o conselho. Sua reviravolta, voltando a liderar a Open AI, poucos dias depois de sua demissão do cargo demonstram que, além da transparência e relevância dos interesses dos stakeholders – carta dos colaboradores com a possível demissão em massa -, outro ponto merece destaque, a de um bom relacionamento entre CEO e seu Conselho de Administração.
Para tanto, aqui cabe esclarecer alguns papéis. O Conselho de Administração exerce papel de guardião do propósito, dos valores e do objeto social da organização e de seu sistema de governança. É o órgão colegiado encarregado da definição da estratégia corporativa, do acompanhamento de seu cumprimento pela diretoria, e da conexão entre a gestão executiva e os sócios em defesa dos interesses da organização. (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, Código de Melhores Práticas, 6.ª edição, 2023).
Ainda, na qualidade de administradores, os conselheiros possuem deveres fiduciários para com a organização, o que inclui orientar e monitorar a diretoria, atuando como elo entre ela e os sócios, com vistas à geração de valor sustentável no curto, médio e longo prazos para a organização, seus sócios e demais partes interessadas.
Já a diretoria é o órgão responsável pela gestão e condução da organização e tem como responsabilidade executar, apoiada pelos princípios da governança corporativa, a estratégia apoiada pelo conselho de administração. Com isso, o relacionamento entre o CEO (Chief Executive Officer) e o conselho de administração de uma empresa é crucial para o sucesso e eficiência da organização. Essa relação deve ser baseada em colaboração, transparência, comunicação eficaz e alinhamento de interesses.
Aqui vão algumas práticas recomendadas para um relacionamento saudável entre eles:
- Comunicação aberta e transparente compartilhando informações relevantes sobre a empresa, seus desafios e oportunidades.
- Estabelecimento de metas claras, com objetivos de curto, médio e longo prazo, alinhados com visão, missão e propósito da organização.
- Produção de relatórios regulares pelo CEO a fim de fornecer ao conselho de administração informações sobre o desempenho da empresa, principais indicadores de desempenho e problemas emergentes, a fim de todos os membros do conselhos permaneçam informados.
- Colaboração na tomada de decisões estratégicas. Decisões estratégicas importantes devem ser tomadas em colaboração entre o CEO e o conselho. O conselho fornecendo uma perspectiva mais ampla e experiência diversificada, enquanto o CEO traz sua compreensão operacional e conhecimento prático.
- Avaliação de desempenho do CEO: com avaliações regulares do conselho, fornecendo feedback construtivo e estabelecendo metas para o desenvolvimento contínuo. Isso ajudará a garantir que o CEO esteja alinhado com os objetivos da empresa.
- Conselho diversificado: um conselho de administração diversificado em termos de experiência, habilidades e perspectivas pode ser mais eficaz, eliminando vieses inconscientes, e trazendo uma gama variada de conhecimentos para apoiar o CEO em diferentes aspectos do negócio.
- Gestão de conflitos de interesse: o CEO e o conselho devem abordar de forma proativa e transparente qualquer conflito de interesse que possa surgir. Isso contribui para a manutenção da integridade e ética do negócio.
- Planejamento de sucesso: o conselho deve estar envolvido no planejamento de sucessão, garantindo que haja um processo claro para a seleção e treinamento de sucessores em potencial para o cargo de CEO.
- Flexibilidade e adaptação: ambas as partes devem estar dispostas a se adaptar a mudanças nas condições de mercado, na estratégia da empresa e em outros fatores externos.
- Código de ética e governança corporativa: o CEO e o conselho devem seguir um código de ética e práticas de governança corporativa que promovam a responsabilidade, a transparência e a conformidade com as regulamentações.
- Avaliação da performance do conselho de administração: avaliar sua capacidade em contribuir para o desenvolvimento e revisão da estratégia da empresa, gerenciar riscos significativos para a empresa, análise e supervisão do desempenho financeiro da empresa, inovação e adaptação, considerações externas e aprendizado contínuo.
Essas práticas ajudam a manter um ambiente de trabalho colaborativo e produtivo entre CEO e o Conselho, fundamental para o sucesso dos negócios.