A equipe econômica do Governo Federal vai enfrentar desafios diversificados em 2024. Os setores do agronegócio, serviço e indústria apresentaram crescimento modesto em 2023 e podem alavancar dependendo do consumo das famílias brasileiras e de questões políticas internas e externas. Além disso, as eleições municipais no Brasil e a presidencial nos EUA acrescentam ingredientes a mais no desenvolvimento do país ao longo do ano.
Para o economista, especialista em macroeconomia, mercado financeiro e CEO da A&S Partners, Wagner Moraes, o Brasil encara desafios econômicos cruciais em 2024, centrados também na política monetária e fiscal, além da política internacional.
“A taxa Selic, crucial para estimular a economia, poderá sofrer influência de fatores externos, como políticas econômicas dos EUA e tensões geopolíticas globais. Paralelamente, o governo enfrenta o desafio de equilibrar um aumento nos gastos públicos, especialmente em saúde e educação, com a necessidade de manter a sustentabilidade fiscal. Isso exige a busca de novas fontes de receita, embora a eficácia dessas medidas seja incerta”, avaliou.
Para Moraes, as reformas estruturais, incluindo a tributária, são essenciais para um crescimento econômico sustentável e inclusivo. “O FMI destaca a importância de manter a estabilidade fiscal e de realizar investimentos públicos estratégicos, apesar dos desafios como baixo crescimento potencial e inflação”, disse.
A agricultura demonstrou crescimento modesto em 2023, com picos de variações positivas. Para Wagner, a expectativa é pela melhoria do setor, impulsionado pela cultura da soja. “Este setor, apesar de enfrentar variações sazonais e desafios impostos pelo cenário global incerto, mostrou um bom desempenho em 2023, com expectativas positivas para 2024”, pontuou.
No âmbito nacional, a inflação é projetada em 3,92% e o crescimento do PIB em 1,5%, segundo o Boletim Focus do Banco Central. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) prevê um crescimento um pouco mais otimista de 2% para o PIB. Para o especialista, o crescimento é parcialmente impulsionado pelo consumo das famílias e do governo.
“Essas expectativas, contudo, estão sujeitas a variações, dependendo de uma série de fatores internos e externos, incluindo políticas governamentais e respostas à inflação e outros desafios econômicos”, disse.
Congresso Nacional
Em 2024, a equipe econômica do Brasil enfrentará desafios significativos para a aprovação de leis no Congresso, incluindo a Câmara dos Deputados e o Senado. Um dos focos principais será a reforma tributária, que visa simplificar o sistema atual substituindo cinco tributos por dois novos Impostos sobre Valor Agregado (IVAs). Além disso, o governo terá que trabalhar na manutenção de vetos presidenciais em projetos chave, como o marco temporal para demarcação de terras indígenas e o novo arcabouço fiscal.
Para Wagner Moraes, o Governo Federal terá que trabalhar para melhorar a base na Câmara e no Senado. “As lideranças do governo no Congresso enfrentam o desafio de formar consensos que permitam a aprovação dessas leis, vital para o progresso da agenda econômica do governo. Esses esforços refletem a necessidade de uma negociação política hábil e estratégica em um ambiente político multifacetado”, avaliou.