Artigo de pesquisadores da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV) debate coleta e utilização comercial dos dados de usuário, através da vigilância das plataformas financeiras afetando o comportamento do consumidor e sua capacidade de decisão.
O artigo publicado na revista “Journal of the Association for Information System” apresentou informações que sinalizam a forma como clientes de serviço personalizados de microcréditos ficam expostos a um ciclo constante de renovação dos empréstimos como única oportunidade de inclusão financeira e social.
Duas categorias foram analisadas, a Sociedade de Crédito Direto (SCC) e a Sociedade de Empréstimos entre Pessoas (SEP), que foram criadas para regular novas empresas. O SCD e o SEP são as novas espécies de uma ampla categoria chamada instituições financeiras, que inclui bancos comerciais, bancos de investimento, união de créditos e outros negócios relacionados com bancos e com o setor financeiro no Brasil.
Em algumas situações, as fintechs controladas ou em parceria com bancos tradicionais podem cobrar taxas de juros mais altas para os mesmos tipos de empréstimos. O estudo comparou as taxas de juros de uma fintech com a dos dois bancos que a controlam indiretamente.
Os autores observam que modelos de inclusão financeira e microcrédito precisam ser repensados por profissionais e governos para que não reproduzam práticas de vigilância. “É importante notar o quanto as plataformas digitais em geral têm aperfeiçoado seus algoritmos para aumentar sua rentabilidade por meio de práticas pouco éticas”, ressaltam.
Os pesquisadores explicam que a baixa inadimplência, com taxa de repagamento entre 92% e 95%, torna o negócio lucrativo e de baixo risco para as fintechs. “Por um lado, esse crédito permite a expansão e valorização acelerada da plataforma financeira, mas por outro, pode colocar em risco o crescimento e expansão dos micros e pequenos negócios
Afirma-se que a falta de regulamentação permite que as Fintechs condicionem o comportamento de clientes para renovarem empréstimos constantemente, além de facilitar o acesso a crédito por pessoas de baixa renda, onde pode se criar um caso de dependência extrema.
Por se tratar de um estudo de caso específico, não se pode enquadrar todo o mercado financeiro tecnológico nessa análise.
Fonte: Agência Bori
Periódicos FGV