Os dados divulgados pelo IBGE apontam para uma perda de 5,3 milhões de pessoas associadas a sindicatos em um quadro de 10 anos. Em 2022, das 99,6 milhões de pessoas ocupadas, somente 9,1 milhões (9,2%) eram associadas aos sindicatos.
“A redução na população sindicalizada acentuou-se a partir de 2016, quando a queda da sindicalização foi acompanhada pela retração da população ocupada total. A partir de 2017, embora com a população ocupada crescente, o número de trabalhadores sindicalizados permaneceu em queda”, analisa Adriana Beringuy, coordenadora de pesquisas por amostra de domicílios do IBGE.
Em frente a essa redução, o número de trabalhadores por conta própria e de empregados com CNPJ vem crescendo. Em 2022, dos 30,2 milhões de empregadores e trabalhadores por conta própria, 10,3 milhões (34,2%) estavam em empreendimentos registrados no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica – CNPJ, um crescimento em relação a 2019 (29,3%).
Os empregadores e os trabalhadores por conta própria estavam principalmente concentrados nas atividades do Comércio e Serviços, com estimativas de 22,4% e 41,3%, respectivamente. Essas duas atividades também apresentavam as maiores taxas de cobertura no CNPJ, de 49,0% e 39,6%, respectivamente.
Segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) apurados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), houve um enfraquecimento das mobilizações em grupo, muito por conta da flexibilização de contratos e da reforma trabalhista como um todo. A tendência do mercado de trabalho se tornou cada vez mais individualista.
“A gente sabe que com a reforma, por exemplo, nos últimos anos, tem intensificação desses contratos unitários, unipessoais, como PJ (pessoa jurídica), trabalhadores intermitentes, o próprio avanço de modalidades como o MEI (microempreendedor individual). Então as pessoas estão se organizando em torno do trabalho cada vez mais individualmente, e não coletivamente. Quanto maior é essa inserção individual, e não coletiva, isso tudo acaba contribuindo para a perda de adesão ao sindicato”, acrescentou Adriana Beringuy.
Essa redução na população sindicalizada não é algo exclusivo de uma região, o Sul (11,0%) registrou a maior taxa, seguido por Nordeste (10,8%), Sudeste (8,3%), Norte (7,7%) e Centro-Oeste (7,6%). Em relação a 2012, a maior queda foi registrada pela região Sul (9,2 p.p) e, em relação a 2019, a maior queda se deu no Sudeste (2,4 p.p.), que pela primeira vez ficou com taxa abaixo dos 10%.