As exportações do Brasil para o Canadá atingiram seu maior nível, pelo segundo ano consecutivo, superando a cifra de US$ 5,7 bilhões (FOB) pela primeira vez na história da relação bilateral. É o que apontam dados copilados pelo estudo Quick Trade Facts, elaborado pela Câmara de Comércio Brasil-Canadá (CCBC).
Os embarques ao Canadá totalizaram US$ 5,771 bilhões (FOB) no acumulado de 2023, o que representa um avanço de 7% em comparação aos 12 meses de 2022, quando foram registradas vendas externas de US$ 5,396 bilhões (FOB).
O avanço colaborou para que a balança bilateral terminasse o ano passado com um saldo positivo para o Brasil de US$ 2,386 bilhões (FOB). A cifra representa um salto de 928% sobre igual intervalo de 2022, quando o resultado havia sido de apenas US$ 232,096 milhões.
“O crescimento das exportações do Brasil para o Canadá deve seguir firme e contínuo. Esse resultado reflete uma extensiva agenda de encontros e iniciativas realizadas nos últimos anos para fortalecer ainda mais os negócios entre os dois países”, afirma Ronaldo Ramos, presidente da CCBC.
O Canadá terminou 2023 superando a Alemanha e a Coreia do Sul no ranking dos principais destinos das exportações brasileiras, figurando agora na 10ª posição. Em 2022, o país ocupava o 13º lugar. Já no ranking das importações, o país da América do Norte se manteve no 15º lugar.
Entre janeiro e dezembro de 2023, a corrente de comércio – que representa a soma das importações e exportações – totalizou US$ 9,15 bilhões (FOB), uma queda de 13,30% frente aos US$ 10,56 bilhões (FOB) alcançados em igual período do ano anterior. O acumulado de 2022 representou um recorde histórico, quando a cifra de US$ 10 bilhões (FOB) foi ultrapassada pela primeira vez no intervalo de um ano.
Maior presença brasileira no Canadá
“O Canadá já é um grande parceiro do Brasil, com investimentos expressivos em setores estratégicos como: agronegócio, infraestrutura, mineração, aeroespacial e defesa, entre outros. Temos visto que o comércio bilateral vem crescendo significativamente e, ainda assim, existe um enorme potencial a ser explorado”, explica Paulo de Castro Reis, diretor de Relações Institucionais da CCBC.
Em média, a CCBC realiza oito missões comerciais do Brasil para o Canadá a cada ano, relacionadas a temas como: inteligência artificial, alimentos e bebidas, mineração, Indústria 4.0, cidades inteligentes, inovação em saúde e sistema médico-hospitalar, tecnologias limpas, transição energética e até economia criativa.
Para 2024, a expectativa é de uma agenda de encontros ainda mais intensa. “São oportunidades únicas, em que os empresários brasileiros ganham todo auxílio e suporte para internacionalizem seus negócios, além de poderem utilizar o Canadá como porta de entrada para produtos na América do Norte, Europa e. até mesmo, Ásia”, destaca Daniella Leite, diretora de Associados e Novos Negócios da CCBC.
Destaques das exportações
Os principais destaques nas exportações brasileiras ao Canadá e com maior peso na balança comercial no período foram: pedras e metais preciosos, incluindo ouro (28% do total exportado); produtos químicos inorgânicos e compostos inorgânicos ou orgânicos de metais preciosos, representando 22% do total; aeronaves e equipamentos, incluindo suas partes (12,3%); e açúcares e produtos de confeitaria (11%).
Em 2023, as exportações da categoria “aeronaves e equipamentos (incluindo suas partes)” atingiram um avanço de 452%, totalizando US$ 712,1 milhões (FOB), influenciadas positivamente por conta de acordos firmados no setor aéreo.
Em um negócio avaliado em US$ 2,1 bilhões que foi divulgado em novembro, a Embraer anunciou a venda de 25 aviões da família E195-E2 para a companhia canadense Porter Airlines. O montante se soma aos 50 jatos que já tinham sido encomendados anteriormente pela aérea canadense. A aeronave tem capacidade para até 146 assentos cada. Com a aquisição, a Porter Airlines visa ampliar a operação em toda a América do Norte.
Surpresas nas importações
As compras de produtos canadenses totalizaram US$ 3,38 bilhões (FOB) entre janeiro-dezembro de 2023, recuando 34% frente a igual período de 2022, quando somaram US$ 5,16 bilhões (FOB). A queda, em especial, está atribuída a compra de adubos e fertilizantes, que ganharam destaque em 2022 por conta do início do conflito entre Rússia e Ucrânia.
As importações desta categoria totalizaram US$ 1,96 bilhão (FOB) no acumulado de 2023. O valor total é 47% menor em relação aos US$ 3,71 bilhões vistos em 2022. Apesar do recuo, adubos e fertilizantes continuam na liderança dos produtos mais comprados do Canadá, com um peso de 58% no total das importações.
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