A Captura e o Armazenamento de Carbono ganhou repercussão mundial

O CCS está no texto final da COP28 e já há diversas iniciativas no Brasil e no mundo para impulsionar o uso da tecnologia.

CCS Brasil

O ano de 2023 foi histórico para o setor de Captura e Armazenamento de Carbono (CCS) visto como uma das soluções para a descarbonização e para a redução da emissão de gases do efeito-estufa. O CCS está incluído no texto final da COP28, que recomenda o uso da tecnologia especialmente em setores em que o corte das emissões é mais difícil, e o Brasil também passou a integrar o Carbon Management Challenge, iniciativa global para estimular o setor de CCS. Houve ainda avanços em relação a projetos no mundo, à regulação no Brasil e a importantes números e estatísticas relacionadas ao setor. O tema deve seguir em alta para o ano que vem e deve pautar encontros de grandes líderes globais.

“Em um momento crítico em que o planeta precisa cortar emissões, o CCS passou a estar cada vez mais presente na pauta de grandes debates sobre soluções climáticas. Isso é extremamente valioso porque precisamos pensar em múltiplas soluções para frear o aquecimento global. É preciso pensar no avanço do CCS como meio de descarbonização especialmente para setores que não conseguem cortar emissões facilmente, além de ajudar a equilibrar a demanda por energia e as metas de redução de emissões, ao mesmo tempo em que oferece um caminho para uma transição gradual para fontes de energia renováveis e limpas”, afirmam Isabela Morbach e Nathalia Weber, cofundadoras da CCS Brasil, associação que visa estimular as atividades ligadas à Captura e Armazenamento de Carbono (CCS) no país.

Confira abaixo alguns dos principais avanços ao longo do ano de 2023 no Brasil e no mundo:

 Regulação

Houve a aprovação do PL nº 1.425/2022 que estabelece um marco regulatório para as atividades de captura e armazenamento de carbono, nas Comissões de Infraestrutura e de Meio Ambiente do Senado, além de ter sido aprovado na Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados. Agora será votada na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CMADS). “A regulação é essencial para que diversos projetos saiam do papel e para que outros investimentos no setor aconteçam”, explicam as especialistas. Além disso, o Governo Federal também lançou o Projeto de Lei Combustível do Futuro (Projeto de Lei 4516/23) com designação da ANP como órgão regulador para a atividade de captura e estocagem de dióxido de carbono. O projeto foi incluído na Agenda Verde da Câmara dos Deputados.

 Projetos

As especialistas da CCS Brasil afirmam que há mais de 40 projetos de CCS em operação no mundo. Segundo elas, nos três últimos anos há um recordo no anúncio recorde de novos projetos: pelo menos 260. Entre alguns dos projetos no Brasil estão o da Repsol Sinotec, que visa criar uma unidade de captura de até cinco mil toneladas de CO2 anuais; o projeto DAC SI, também da Repsol, em parceria com a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) e a startup DACMa para a captura direta de 300 toneladas de CO2 do ar por ano; um projeto da FS Energia, produtora de etanol, que visa lançar uma unidade de captura com um investimento de US$ 65 milhões; e um projeto de pesquisa e desenvolvimento para aperfeiçoar os sistemas de captura de CO2 em termelétricas a gás natural.

 Anúncios da Petrobras

A Petrobras anunciou em fevereiro o recorde em CCUS (Captura, Uso e Armazenamento de Carbono) em 2022 com uma marca de 10,6 milhões de toneladas de CO2 reinjetadas (cerca de 25% do total de CO2 injetado pela indústria global no ano passado). Até agora, foram reinjetados 40,8 milhões tCO2 nos reservatórios do pré-sal desde 2008. Em maio, a Petrobras anunciou que estuda implantar no Brasil um hub de captura e armazenamento de carbono no terminal de Cabiúnas, em Macaé (RJ), com capacidade de captura de 100 mil toneladas por ano de carbono.

Dados e estatísticas sobre o mercado

Um estudo inédito da CCS Brasil aponta que o país possui um potencial de captura de CO2 que pode chegar a quase 200 milhões de toneladas por ano, o que representa um total cerca de 12% do total de emissões de carbono no Brasil anualmente. Isso pode corresponder a receitas de pelo menos US$14 bilhões por ano, considerando o valor de US$70 por tonelada de CO2 como preço do crédito de carbono.

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