A noção de igualdade é inseparável da de dignidade humana essencial a cada e toda pessoa. (Declaração Universal de Direitos Humanos)

Será?

Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos resultaram em atos bárbaros que ultrajaram a consciência da humanidade e que o advento de um mundo em que mulheres e homens gozem de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de viverem a salvo do temor e da necessidade foi proclamado como a mais alta aspiração do ser humano comum a Declaração Universal dos Direitos Humanos como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações (Unicef)

Então, por que em pleno século XXI, George Floyd, um homem negro morre com um policial branco com joelhos em seu pescoço, mesmo após dizer reiteradas vezes que “não conseguia respirar”.

A situação ainda é muito pior, quando o assunto são mulheres negras.

Microagressões são uma forma de discriminação cotidiana, gerando curiosidade sobre seu cabelo, religião ou até modo de se vestir, que muitas vezes está enraizada em preconceitos e, incluem comentários e ações – mesmo que não abertamente prejudiciais – os quais rebaixam ou rejeitam alguém com base em seu gênero, raça ou outros aspectos de sua identidade. Apenas para dar um exemplo, segundo pesquisa McKynsey, 2023, as mulheres asiáticas e negras têm sete vezes mais probabilidade do que melhores brancas de serem confundidas com alguém da mesma raça e etnia.

Para melhor compreensão dessa ideia, a B3 (bolsa de valores brasileira – Brasil -Bolsa – Balcão), lançou um guia de boas práticas, para tratar a questão da diversidade. Nele, para compreender as diferentes expressões do racismo no dia-a-dia, afirma que não se trata de um desvio ético ou psicológico de alguns indivíduos ou grupos isolados, mas um reflexo de desigualdades estruturais de nossa sociedade.

Com isso, há o racismo recreativo, por meio do humor que se fundamenta na noção de que determinados grupos sub-representados possuem certas características que lhes tornariam intrinsecamente inferiores, associados a contextos e estereótipos caricaturais. O racismo institucional que são mecanismos operacionais, normativos e sistemáticos que organizam o funcionamento interno de instituições públicas e privadas que, por sua formulação, produzem e reproduzem a atribuição de privilégios e prejuízos com base no critério da raça. Racismo Estrutural, cuja lógica de funcionamento das instituição reflete a lógica de funcionamento da própria sociedade, fundamentadas em pressupostos e práticas discriminatórios, que mantém pessoas negras à margem, inviabilizando seu protagonismo e inserção equitativa em diversos espaços. (B3 – Investimentos em DE&I – Guia de Boas Práticas).

Alguns números da Pesquisa McKynsey 2023:

Pelo nono ano consecutivo, as mulheres enfrentam o seu maior obstáculo no primeiro passo crítico até chegarem a gestores. Em 2023, para cada 100 homens promovidos de nível inicial a gerente, 87 mulheres foram promovidas. Só que essa lacuna está a tender para o lado errado para as mulheres negras. Em 2023, 73 mulheres negras foram promovidas a gerentes por cada 100 homens, contra 82 mulheres negras em 2022. Como resultado deste “degrau quebrado”, as mulheres ficam para trás e não conseguem alcança-lo.

O progresso para as mulheres negras em início de carreira continua a ser o que está mais atrás. Depois de subir em 2020 e 2021 para um máximo de 96 mulheres negras promovidas para cada 100 homens, as taxas de promoção de mulheres negras caíram para os níveis de 2018, com apenas 54 mulheres negras promovidas para cada 100 homens.

As mulheres representam aproximadamente um e cada quatro líderes do alto escalão, e as mulheres negras apenas uma em cada 16.

Como resultado, o local de trabalho é um campo minado mental para muitas mulheres, especialmente aquelas com identidades tradicionalmente marginalizadas. Além disso, 78% das mulheres que enfrentam microagressões protegem-se no trabalho ou ajustam a sua aparência ou comportamento num esforço para se protegerem, para que não sejam tachadas de “negras raivosas”.

Por tudo isso, é necessária uma ação mais intensa para acabar com estereótipos de gênero e racial institucionalizados, noções sem fundamento de superioridade racial e incitamento ao ódio racial e à violência de gênero.

Mecanismos internacionais e regionais de direitos humanos reconheceram que as mulheres e as meninas afrodescendentes experimentam discriminação em formas múltiplas e interseccionais.

Contudo, “quando o gênero, a raça, a etnia, a religião ou crença, o status de migração ou outros motivos de discriminação se encontram e se cruzam, criam intricadas redes de privação, de negação de direitos, que impedem, minam e oprimem. Nesta dinâmica sórdida, muitas mulheres e meninas afrodescendentes são mais profundamente afetadas. Precisamos tomar medidas urgentes para pôr fim a essas injustiças”.

Referências Bibliográficas:

B3. Investimentos em Diversidade, Equidade e Inclusão. Guia de Boas Práticas. PDF. https://acrobat.adobe.com/id/urn:aaid:sc:VA6C2:4e419766-efb2-4acb-9ced-e9db4fa89574

McKynsey. Mulheres no local de trabalho 2023. Relatório de 05/10/2023. Disponível em:  https://www-mckinsey-com.translate.goog/featured-insights/diversity-and-inclusion/women-in-the-workplace?_x_tr_sl=en&_x_tr_tl=pt&_x_tr_hl=pt-BR&_x_tr_pto=sc&_x_tr_hist=true

Nações Unidas. Mulheres e Meninas afrodescendentes. Conquistas e Desafios de Direitos Humanos, PDF. Disponível em: https://nacoesunidas486780792.wpcomstaging.com/wp-content/uploads/2018/03/18-0070_Mulheres_e_Meninas_Afrodescendentes_web.pdf

Unicef. Declaração Universal dos Direitos Humanos. 10/12/1948. Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/declaracao-universal-dos-direitos-humanos#:~:text=Todo%20ser%20humano%20tem%20direito,liberdade%20e%20%C3%A0%20seguran%C3%A7a%20pessoal.&text=Ningu%C3%A9m%20ser%C3%A1%20mantido%20em%20escravid%C3%A3o,em%20todas%20as%20suas%20formas.&text=Ningu%C3%A9m%20ser%C3%A1%20submetido%20%C3%A0%20tortura,castigo%20cruel%2C%20desumano%20ou%20degradante

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