A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) revisou para baixo a estimativa para a safra de soja do Brasil em 2026, apontando agora para 177,7 milhões de toneladas. A nova projeção, divulgada nesta terça-feira (18) em seu levantamento mensal, representa uma queda de 800 mil toneladas em relação à previsão anterior, de outubro.
Apesar da redução na estimativa para a safra que está em fase de plantio, o Brasil — maior produtor e exportador global do grão — ainda deve colher uma safra recorde, superando o volume registrado em 2025.
A associação não detalhou a causa exata do recuo, mas indicou que a estimativa menor reflete a mediana dos números de seus associados, que incluem tradings e processadoras. Contudo, a Abiove afirmou que “é provável que” a revisão esteja relacionada ao clima no início do desenvolvimento da safra. O plantio no país tem enfrentado chuvas irregulares em diversas regiões; até a última quinta-feira, apenas pouco mais de 70% da área prevista havia sido semeada, segundo a consultoria AgRural.
Em um contraponto positivo, a Abiove elevou a previsão para a safra colhida em 2025 para 172,1 milhões de toneladas, ante os 171,8 milhões estimados em outubro.
A previsão de estoques finais de soja do Brasil em 2026 ficou praticamente estável, em 10,55 milhões de toneladas, um equilíbrio alcançado pelo aumento da safra antiga (2025) e a redução na nova (2026).
Esse número está em linha com o apontado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) na semana passada, quando a agência oficial do governo projetou 177,6 milhões de toneladas para 2026, também citando a irregularidade das chuvas em algumas regiões.
Apesar da incerteza climática, as projeções para exportação e processamento de soja brasileira em 2026 foram mantidas e devem atingir novos recordes. A exportação foi estimada em 111 milhões de toneladas (nova máxima), um avanço em relação às 109 milhões de toneladas previstas para 2025 (esta, revisada para baixo em 500 mil toneladas). O processamento de soja no país deve alcançar 60,5 milhões de toneladas em 2026, um aumento de 3,4% sobre 2025.
O principal destaque do relatório foi a forte elevação na expectativa de receita: a arrecadação com as exportações brasileiras do complexo soja (grão, farelo e óleo) em 2026 foi projetada em US$ 60,25 bilhões, um salto considerável frente aos US$ 55,26 bilhões previstos no mês passado.
A valorização é impulsionada por uma revisão nos preços médios do grão para os próximos anos. A Abiove elevou o preço médio da soja para US$ 450/tonelada em 2026 (antes US$ 415/t) e para US$ 400/t em 2025 (antes US$ 380/t).
O grão de soja responde pela maior parte da receita, com quase US$ 50 bilhões projetados para 2026. A receita total do complexo soja em 2025 também foi revista para cima, atingindo US$ 53,3 bilhões (alta de US$ 3 bilhões em relação ao mês anterior), apesar da redução no volume exportado neste ano.
A Abiove manteve as projeções de produção de farelo e óleo de soja, mas elevou a expectativa de exportação do óleo vegetal em 200 mil toneladas, chegando a 1,2 milhão de toneladas. Este volume, no entanto, ainda ficaria abaixo das 1,35 milhão de toneladas exportadas em 2025.









