Abra encerra acordo entre Gol e Azul

Ações da Gol Disparam Após Aprovação de Plano de Reestruturação nos EUA

Gol/Divulgação

O grupo aéreo Abra anunciou na noite de quinta-feira o fim das negociações para uma potencial fusão entre a Gol (GOLL54.SA), que controla, e a rival Azul, segundo documento enviado ao mercado. O movimento encerra as expectativas de criação de uma companhia aérea dominante no Brasil, que poderia concentrar cerca de 60% do mercado doméstico, superando a operação local da chilena LATAM Airlines (LTM.SN).

O Abra — investidor majoritário da Gol e da Avianca da Colômbia — e a Azul haviam firmado em janeiro um memorando de entendimento para estudar a combinação de negócios. No entanto, o processo de recuperação judicial da Azul nos EUA (Capítulo 11), iniciado em maio, acabou travando as negociações. A Gol, por sua vez, saiu de seu próprio processo de falência em junho.

As companhias também anunciaram o fim do acordo de codeshare assinado em 2024, que previa venda cruzada de passagens e integração dos programas de fidelidade. A parceria vinha sendo analisada pelo Cade, devido a preocupações concorrenciais.

Apesar do recuo, o Abra deixou aberta a possibilidade de retomar as discussões futuramente. “Continuamos acreditando nos méritos de uma combinação entre Azul e Gol e estamos dispostos a dialogar com as partes interessadas”, disse em comunicado.

O encerramento das tratativas foi bem recebido pelo mercado: as ações da Azul subiram 18% na tarde de sexta-feira em São Paulo, enquanto os papéis da Gol avançaram 5%.

A decisão também foi comemorada pelo governo brasileiro. O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, afirmou no X (antigo Twitter) que o resultado reflete o fortalecimento das empresas aéreas e a recuperação da aviação no país.

A possível fusão vinha sendo alvo de críticas da LATAM, que argumentava que uma operação dessa magnitude não teria como ser aprovada sem medidas de mitigação. “Nenhum país do mundo permitiria uma concentração desse nível sem restrições”, disse Jerome Cadier, CEO da LATAM Brasil, em entrevista à Reuters.

A Azul, em comunicado separado, confirmou o fim das negociações e reafirmou seu compromisso em fortalecer a estrutura de capital. A companhia projeta sair da recuperação judicial no início de 2026.

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