A Abrasco e a Fiocruz divulgaram um posicionamento contrário à pulverização de agrotóxicos com drones, defendendo a manutenção da Lei nº 16.820/19, sancionada no Ceará em 2019, que proíbe essa prática. Apesar da legislação pioneira, a liberação do uso de drones para pulverização voltou a ser discutida na Assembleia Legislativa do estado.
Segundo as entidades, há robustas evidências científicas que comprovam os impactos nocivos da pulverização aérea, tanto para a saúde humana quanto para a biodiversidade. Essas evidências foram compiladas em relatórios como o Dossiê Abrasco – um alerta sobre os impactos dos agrotóxicos na saúde (2015), o Dossiê contra o Pacote do Veneno e em defesa da vida (2021) e o Dossiê Danos dos Agrotóxicos na Saúde Reprodutiva: conhecer e agir em defesa da vida (2024).
A nota destaca que, em algumas regiões do país, a pulverização aérea tem causado acidentes frequentes, afetando comunidades tradicionais, incluindo crianças. No Ceará, grandes empreendimentos agrícolas têm sido responsáveis por intoxicações agudas e crônicas na região da Chapada do Apodi, com relatos de câncer, malformações congênitas e desregulações endócrinas, além de outros problemas de saúde.
Dados da Comissão Pastoral da Terra revelam que a contaminação por agrotóxicos nas comunidades rurais aumentou quase dez vezes no primeiro semestre de 2024 em relação ao mesmo período do ano anterior. No Maranhão, mais de 100 comunidades foram atingidas pela pulverização aérea neste ano.
A Abrasco e a Fiocruz alertam que a liberação da pulverização com drones pode ampliar o alcance e a frequência da aplicação, intensificando os riscos para as populações próximas e para o meio ambiente. Elas reiteram a necessidade de manter a proibição dessa prática, argumentando que os danos à saúde e ao meio ambiente superam qualquer benefício econômico ou operacional.
*Com informações da Agência Brasil