O agronegócio brasileiro registrou um aumento significativo nos pedidos de recuperação judicial no primeiro trimestre de 2025, totalizando 389 solicitações. Os dados divulgados nesta terça-feira pela Serasa Experian mostram um crescimento de 21,5% em relação ao trimestre anterior e de 44,6% na comparação anual.
Produtores rurais atuando como pessoa física lideraram o número de pedidos, com 195, ante 140 no quarto trimestre de 2024 e 106 no primeiro trimestre do ano passado. Marcelo Pimenta, chefe de agronegócio da Serasa Experian, atribui essa alta a um “momento financeiro mais desafiador” para o setor, influenciado pela volatilidade nos preços das commodities e pela maior seletividade na oferta de crédito.
“Muitos produtores enfrentam custos altos, prazos longos para receber, maior exigência de garantias e dificuldades na rolagem de dívidas, fatores que pressionam o caixa e reduzem as margens para manobras”, explicou Pimenta.
Apesar do aumento expressivo, Pimenta ponderou que os pedidos de recuperação judicial ainda representam uma pequena parcela do universo de 1,4 milhão de produtores rurais que acessaram crédito nos últimos dois anos.
Entre os produtores que operam como pessoa jurídica, foram registradas 113 solicitações de recuperação judicial entre janeiro e março, um leve aumento em relação aos 110 pedidos do quarto trimestre de 2024 e aos 86 do primeiro trimestre do ano anterior.
A análise setorial da Serasa Experian revelou que os segmentos de “criação de bovinos” e “cultivo de soja” concentraram o maior número de requisições, com 42 e 59 casos, respectivamente, no primeiro trimestre de 2025. Já as empresas do agronegócio como um todo registraram 81 pedidos de recuperação judicial no período, contra 70 no trimestre anterior e 77 um ano antes.