A Agropalma, empresa brasileira reconhecida mundialmente como referência na produção sustentável de óleo de palma, reforçou durante o 35º Congresso Técnico de Genética e Melhoramento Florestal (CTGMF) seu compromisso com a pesquisa e a inovação ao anunciar a meta de produzir, anualmente, 2 milhões de mudas clonais de palma em menos de dez anos, reiterando seus planos para o mercado genético no Brasil.
Conhecido como o maior encontro de melhoristas florestais da América Latina, contando com participantes internacionais, o evento foi promovido pela Sociedade de Investigações Florestais (SIF) e ocorreu em Belém (PA) entre os dias 30 de julho e 1º de agosto. Como anfitriã, a Agropalma promoveu amplos debates sobre os impactos positivos da aplicação científica nas técnicas de melhoramento e clonagem baseados em seu Programa de Melhoramento Genético da Palma, além de uma visita ao Laboratório de Biotecnologia da companhia.
“Estamos muito felizes em sediar esse evento, que conectou várias empresas e viabilizou uma troca de experiências e um intercâmbio de processos de melhoramento, que agora poderão ser adotados por outras companhias”, afirma André Borba, diretor Agrícola da Agropalma. “Essa também foi uma oportunidade concreta de mostrar, na prática, o avanço da genética vegetal no Brasil, de forma a consolidar o país como referência mundial nesse campo, com a Agropalma assumindo um papel cada vez mais fundamental nesse setor.”
Acumulando mais de uma década de experiência no trabalho de pesquisa de melhoramento genético, executado em parceria com a Universidade Federal de Viçosa (MG), a companhia já investiu mais de R$ 18 milhões no laboratório de mudas clonais, inaugurado em 2023 na planta industrial da Agropalma em Belém (PA). A estimativa é de que até 2026 esse montante chegue a R$ 25 milhões.
O trabalho de inovação é apoiado pela SIF – associação que conta com os 30 maiores players do setor florestal brasileiro, incluindo a Agropalma -, que financia, por meio da EMBRAPII, projetos de melhoramento. “Esse suporte é primordial para conseguirmos inovar, sempre com um braço de conhecimento dando suporte aos melhoristas e ao trabalho que desenvolvem”, acrescenta Borba.
Para Gleison dos Santos, professor da Universidade Federal de Viçosa e diretor Científico da Sociedade de Investigações Florestais, fomentar o setor de melhoramento florestal é essencial para uma produção agrícola de valor. “Esse time de pesquisadores só está aqui pelo apoio da Agropalma em reunir melhoristas para discutir o presente e o futuro do aumento de produtividade, a qualidade dos produtos florestais e o cenário da cadeia de bioeconomia ligada às florestas nativas dos diferentes ambientes brasileiros”, defende.
Segundo Borba, investir nesse setor é um movimento estratégico para a empresa, considerando o potencial competitivo, econômico e ambiental. As mudas clonais têm muitas vantagens em relação às mudas comuns, prometendo maior produtividade e uma significativa redução de custos, considerando a diminuição do uso de adubo, sacolas, mão de obra, energia e espaço. Os clones consomem 18% menos potássio, o que representa uma queda de 10% no custo total de fertilização anualmente, colaborando para a contenção das emissões de CO2.
Esse desempenho só é possível porque as mudas produzidas geneticamente pela Agropalma oferecem uma série de benefícios, como tolerância à seca, resistência a doenças, longevidade, adaptabilidade e eficiência nutricional. Devido a esses fatores, a colheita é realizada em 20 meses – em vez dos dois anos habituais para plantas convencionais – e o tempo nos viveiros é reduzido de um ano para entre seis e oito meses. Isso não somente acelera a produção, mas também aprimora a eficiência e a rentabilidade. A maior produtividade das plantas clonadas ajuda a diminuir a exploração de novas áreas, garantindo a sustentabilidade em todo o processo.
“Mesmo no setor genético e científico, é imprescindível para a Agropalma considerar os ganhos sustentáveis. Investir na clonagem da palma de óleo é contribuir para que áreas sejam preservadas e os produtores beneficiados social e economicamente”, explica Borba.
Um dos maiores diferenciais da Agropalma é a sua taxa de sucesso na clonagem por embriogênese somática, que supera 65% – índice significativamente acima da média de mercado, que gira em torno de 6%. O protocolo da empresa é o que assegura a proteção do DNA contra danos, resultando em maior confiabilidade genética das mudas.
A rigorosidade do processo de clonagem é um dos fatores responsáveis pela eficiência alcançada. Matrizes de alta produtividade e resistência são selecionadas, buscando clonar a planta e não apenas a muda. No mais, o processo envolve variadas etapas, desde a indução e formação de massas de células (de 6 a 12 meses) até a aclimatação em estufas, antes de serem transportadas para o viveiro em Tailândia (PA) para um período de observação de 15 a 30 dias.
A projeção de produção de mudas clonais da Agropalma cresce progressivamente, de mais de 500 mil em 2025 para atingir 2 milhões em 2032. Com a meta, a empresa estima que a clonagem poderá gerar um faturamento extra de R$ 30 milhões anuais. Tudo isso leva em consideração o alto potencial de mercado, visto que se estima haver 1,5 bilhão de hectares de palma plantada no continente latino-americano, o que corresponde a 214 milhões de plantas para substituir considerando que a renovação da palma leva 25 anos.
Ao olhar para o amanhã, a Agropalma pretende ir além da palma. Por isso, está pesquisando a clonagem de outras espécies vegetais economicamente importantes, como a pupunha (com potencial de 1 milhão de mudas por ano), o coco e o açaí. A empresa planeja implementar a tecnologia de imersão temporária em biorreatores (TIB) para otimizar seus processos.
“Diversas empresas do setor florestal e de comercialização de nativas já demonstraram interesse em conhecer mais do nosso trabalho, nos parabenizando pela iniciativa de desenvolvimento da embriogênese somática no nosso laboratório. Esperamos colher, em breve, frutos dessas futuras parcerias, tanto com a palma quanto com outras espécies”, conclui Hugo Santos, coordenador do Laboratório de Biotecnologia da Agropalma.