Depois de anos de espera e muitas expectativas frustradas, as maiores economias globais estão finalmente iniciando a redução das taxas de juros. No entanto, no Brasil, o cenário aponta para o caminho inverso.
Por aqui, grande parte do mercado espera que o Banco Central (BC) aumente a taxa básica ainda este mês, dando início a um novo — embora curto — ciclo de ajustes para cima, com o objetivo de reancorar as expectativas de inflação, que já estão próximas do teto da meta.
A Selic está em 10,5% desde maio, quando o BC interrompeu o último ciclo de cortes nos juros. Parte do mercado projeta que a taxa suba para cerca de 12% e permaneça em dois dígitos até meados do próximo ano. No entanto, previsões mais pessimistas sugerem que uma redução só aconteça a partir de 2026.
Analistas apontam vários fatores para a alta da Selic, sendo o principal deles a política de aumento dos gastos públicos pelo governo federal. O cenário traçado pelos especialistas revela uma dicotomia na economia brasileira. De um lado, o Banco Central eleva os juros com o objetivo de desacelerar a atividade econômica e, assim, conter a inflação.
Por outro lado, o governo federal injeta grandes volumes de recursos na economia, como o aumento do salário mínimo e a expansão de programas sociais, o que impulsiona o crescimento econômico.
O Banco Central do Brasil foi um dos primeiros a elevar os juros em resposta ao desajuste na economia global causado pela pandemia de Covid-19. Entre agosto de 2020 e janeiro de 2021, a Selic foi mantida em 2%, o nível mais baixo da história, como uma medida para estimular a economia diante dos desafios impostos pela crise sanitária. No entanto, a ruptura nas cadeias de produção e a interrupção das rotas de abastecimento resultaram na escassez de diversos produtos no mercado, pressionando os preços para cima.
O Banco Central Europeu (BCE) foi um dos primeiros entre as grandes economias a mudar a rota dos juros. No início de junho, a autoridade monetária da zona do euro cortou a taxa em 0,25 ponto, a 3,75%. No mês seguinte, foi a vez do Banco da Inglaterra ceder na política monetária, também na mesma intensidade, rebaixando os juros para 5%. Em ambos os casos, foi o primeiro afrouxamento da política monetária desde 2019.
*Com informações da CNN