As ações da Ambipar sofreram um novo e drástico colapso na Bolsa de Valores, despencando 35% e fechando a R$ 0,92 nesta segunda-feira (6). A forte queda se deu após a companhia prestar esclarecimentos à Justiça do Rio de Janeiro em um processo crucial que busca manter uma decisão cautelar. A medida judicial impede que bancos credores adotem ações que, segundo a Ambipar, poderiam “inviabilizar a continuidade de suas operações”.
A Ambipar, empresa de gestão ambiental, reafirmou à Justiça sua confiança na manutenção da cautelar “até a apresentação do pedido de recuperação judicial“. A companhia estuda entrar com o pedido de RJ tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, onde se concentra parte significativa de suas dívidas e garantias.
Esta crise marca uma derrocada dramática para a empresa, cujas ações já haviam caído 54% na última sexta-feira (3), acumulando uma perda de 90% no último mês.
O ponto inicial da crise é uma série de mudanças em um contrato de empréstimo de US$ 35 milhões (cerca de R$ 186 milhões) firmado com o Deutsche Bank em 18 de setembro. Um aditivo contratual, que teria sido negociado por um executivo diretamente com o banco, é apontado como causador de um desbalanceamento nas contas da empresa.
Além dos problemas com o Deutsche Bank, a companhia enfrenta outras questões que abalam o mercado. Credores buscam explicações sobre o caixa de R$ 4,7 bilhões reportado no último balanço, já que, até o momento, teriam sido encontrados apenas cerca de R$ 430 milhões.
Há também suspeitas de irregularidades em um Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC), onde a Ambipar alega ter boa parte de seu caixa. Segundo o site Pipeline, há indícios de que partes relacionadas à Ambipar estariam operando nas duas pontas da operação: cedendo o direito creditório e, ao mesmo tempo, emprestando dinheiro usando-os como garantia (colateral).
Informações sobre um encontro do ex-CFO da Ambipar, João Daniel Pirran de Arruda, com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) também influenciaram negativamente os negócios. Arruda compareceu à audiência acompanhado de escritórios de advocacia que já atuaram em casos de grande repercussão, como a defesa de Miguel Gutierrez (ex-CEO da Americanas) e a defesa da Braskem durante a CPI da tragédia de Maceió.
A companhia afirmou que a manutenção da medida cautelar é essencial para garantir a “preservação da empresa, dos empregos, dos contratos ambientais e da sua contribuição econômica ao Brasil.”