Aplicativo Celular Seguro apresenta falhas

Problemas de comando dificultam que pessoas com necessidades especiais usem o programa que permite inutilizar aparelhos roubados

Gov

O programa Celular Seguro, lançado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) completou, em janeiro, seu primeiro mês de operação com números animadores. No período, foram registrados 12.163 alertas de bloqueios de aparelhos, que representaram uma média de 393,4 solicitações por dia. Ao todo, pouco mais de 1,2 milhão de pessoas haviam se cadastrado, com 954 mil telefones inscritos. Apesar dos volumes serem considerados satisfatórios, especialistas em acessibilidade afirmam que eles poderiam ser ainda maiores caso o aplicativo tivesse alguns ajustes para diminuir as dificuldades de uso enfrentados pelos idosos, que formam um dos públicos mais necessitados deste tipo de serviço.  

Valmir de Souza, CEO da Biomob, startup especializada em consultoria e soluções de acessibilidade, adverte para o fato de que, o app apresenta problemas em questões como comandos, autenticação e de navegabilidade. “Os comandos devem respeitar as regras de contraste e possuírem textos alternativos para leitores de tela. Além disso, as autenticações devem prever alternativas para pessoas com baixa visão ou cegas enquanto a navegabilidade precisa ser intuitiva e respeitar uma ordem lógica”, avalia.

O CEO da Biomob apresenta estudos que colocam em números o tamanho do desafio. A pesquisa TIC Web Acessibilidade / Ceweb.br, por exemplo, mostrou que somente 0,7% dos portais e páginas sob o domínio gov.br (usados por órgãos governamentais federais, estaduais e municipais, e, portanto, que deveriam dar os melhores exemplos) eram plenamente acessíveis. Por sua vez, a pesquisa BigDataCorp / Movimento Web Para Todos constatou que apenas 0,46% dos 21 milhões de websites do País estavam livres de barreiras para pessoas com deficiência.

O aplicativo foi lançado no dia 19 de dezembro, e em sua primeira semana de lançamento o programa Celular Seguro bloqueou 4.349 aparelhos roubados, furtados ou perdidos, segundo dados compartilhados pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública.

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