Argentina mostra sinais de alívio inflacionário com menor taxa anual desde 2022

A inflação na Argentina, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (CPI), registrou uma alta de 2,1% em setembro, na comparação com o mês anterior (agosto), informou o Instituto Nacional de Estatística e Censo (Indec). Esse resultado representa uma ligeira aceleração em relação ao índice de agosto, que havia sido de 1,9% no comparativo mensal.

Apesar da aceleração do indicador mensal, a inflação anual demonstrou um movimento de desaceleração. A variação acumulada em 12 meses até setembro atingiu 31,8%, uma queda em relação aos 33,6% registrados em agosto. No acumulado do ano, a inflação no país ficou em 22% até o final de setembro.

Entre os setores que compõem o índice, os maiores aumentos em setembro foram registrados em “Habitação, água, eletricidade e outros combustíveis“, que subiu 3,1%, impulsionado principalmente pelo reajuste nos aluguéis de moradia, e o setor de “Educação”, que também avançou 3,1%. Os setores que apresentaram as menores variações mensais foram “Recreação e cultura” (1,3%) e “Restaurantes e hotéis” (1,1%).

Em meio a este cenário, o governo Milei tem procurado forte apoio internacional, especialmente dos Estados Unidos. Em outubro de 2025, o presidente argentino visitou a Casa Branca em busca de um resgate financeiro significativo. Os EUA prometeram que “todas as opções estão na mesa” para apoiar a Argentina e anunciaram um acordo para emprestar US$ 20 bilhões ao governo.

Esse apoio é visto como crucial para o alívio de curto prazo e para o financiamento público. Especialistas, contudo, alertam que esse aporte só será um “divisor de águas” se estiver atrelado a reformas consistentes e ao programa de ajuste do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Outro foco de instabilidade é o mercado de câmbio. Manter as contas públicas sob controle é a prioridade máxima de Milei para combater a inflação. No entanto, o plano de estabilização é extremamente vulnerável a uma disparada no dólar, que impactaria imediatamente os preços e a confiança. O governo tem feito intervenções no câmbio e depende rotineiramente de crédito externo para manter a liquidez e evitar uma corrida ao dólar. A desvalorização do peso, que saltou de cerca de 360 para quase 800 pesos por dólar após as primeiras medidas do governo (e atualmente se aproxima de 1.015 pesos por dólar no câmbio oficial), continua a ser um risco latente.

Sair da versão mobile