O peso argentino sofreu uma desvalorização significativa de 54,24% no início do pregão desta quarta-feira (13), em resposta ao anúncio do governo ultraliberal de Javier Milei sobre medidas rigorosas de ajuste fiscal para combater a inflação anual fora de controle.
O primeiro registro eletrônico foi de 801 unidades por dólar às 10h02 (horário de Brasília), em comparação com o fechamento anterior de 366,55 unidades.
Enquanto isso, o índice de ações S&P Merval registrou um aumento de 6,2%, atingindo a máxima intradiária de 1.072.661,76 pontos às 11h05 (horário de Brasília). Esse aumento acumulado representa um salto notável de 430,80% até o momento em 2023, em meio à inflação estimada em 200% para o ano corrente.
Os argentinos estão enfrentando uma inflação alarmante de aproximadamente 200% ao ano, resultando em uma perda abrupta do poder de compra de seus salários. Além disso, a taxa de pobreza ultrapassa os 40%, e as reservas líquidas nas contas do banco central encontram-se em território negativo, tudo em meio a um cenário de estagflação.
Na terça-feira, o ministro da Economia, Luis Caputo, apresentou uma série de medidas ortodoxas delineadas pelo novo presidente, Javier Milei, para enfrentar a séria crise financeira. Estas incluem cortes significativos nos gastos públicos e uma desvalorização do peso argentino, visando impulsionar a competitividade.
“O dólar a 800 pesos representa o valor mais elevado desde o fim da era da conversibilidade”, quando a paridade do peso era fixada em um para um em relação ao dólar, durante a década de 1990″, afirmou o analista Salvador Vitelli à Reuters. Ele observou que a desvalorização é “um pouco maior do que o mercado esperava”.
O governo também anunciou que cortará os subsídios ao transporte e à energia, além de reduzir as obras públicas, com o objetivo de eliminar o déficit fiscal e diminuir o risco-país. Paralelamente, está trabalhando em um plano abrangente de reformas estruturais a ser submetido às sessões extraordinárias do Congresso Nacional.
Manuel Adorni, porta-voz da presidência, afirmou em coletiva de imprensa: “Isso nos leva a uma expectativa de déficit zero (…) Fica eliminada a emissão monetária para financiar o Tesouro.” Ele acrescentou enfaticamente: “Precisamos de credibilidade, que não pode ser alcançada gastando mais do que temos.”
Durante a campanha eleitoral, Milei comprometeu-se a eliminar os rígidos controles de capital do país, que envolvem várias taxas de câmbio e foram implementados para proteger as escassas reservas do banco central.
Fonte: Reuters com InfoMoney