O presidente argentino Javier Milei alcançou uma vitória política significativa nas recentes eleições legislativas de meio de mandato, conquistando apoio em regiões estratégicas do país, incluindo áreas historicamente controladas pela oposição. O resultado mais surpreendente foi registrado na província de Buenos Aires, onde o partido La Libertad Avanza (LLA) de Milei conseguiu reverter uma derrota anterior de 14 pontos percentuais, sinalizando uma mudança substancial no comportamento eleitoral de uma região tradicionalmente alinhada ao peronismo de esquerda.
A vitória do LLA, que “tingiu de violeta” o mapa eleitoral da Argentina, teve um impacto imediato e positivo no mercado de câmbio, invertendo a tendência de semanas de forte tensão. Após o dólar do atacado ter chegado a arranhar a cotação de 1.500 pesos e a divisa ter ultrapassado esse limite no varejo, o peso recuperou terreno nesta segunda-feira.
Segundo jornais argentinos, o dólar atacadista fechou o dia cotado a 1.435 pesos, uma queda de 3,8% em relação ao fechamento da sexta-feira, o equivalente a 57 pesos. No auge da euforia do início do dia, a desvalorização da moeda americana chegou a 9,5%. O volume negociado no mercado à vista, no entanto, foi de US$ 405,4 milhões, quase a metade do que foi registrado nas rodadas das duas últimas semanas.
O mesmo movimento de baixa foi observado no varejo e no mercado paralelo. No Banco Nación, o dólar de varejo fechou em 1.460 pesos para a venda, uma queda de 3,6%, após ter recuado 9,6% no intraday. Já o “dólar blue“, a cotação preferida no mercado paralelo, fechou em queda de 3,6%, para 1.465 pesos na venda, depois de passar quase toda a semana anterior acima da marca de 1.500 pesos.
A repentina queda do dólar gerou um debate entre especialistas sobre a estratégia do Banco Central (BC) argentino. Analistas já discutem se o BC deve aproveitar o momento para recompor as reservas cambiais do país, comprando dólares, ou se deve esperar, permitindo uma natural tendência de apreciação da moeda local.
A consultoria 1816, em comentário veiculado na imprensa, sugeriu que a forte reação de baixa no mercado só poderá ser interrompida se a equipe econômica do governo decidir atuar na compra de dólares, estabelecendo um piso para a taxa de câmbio nos próximos dias.
Ao jornal La Nación, Damián Vlassich, líder da equipe de Estratégia de Investimento da IOL Inversiones, afirmou que “tendo em vista a oferta esperada de moeda estrangeira nas próximas sessões, a posição assumida pelo governo sobre se deve ou não parar a queda do dólar ‘marcará o campo'”. No jornal Clarín, a empresa Delphos comentou que a taxa de câmbio deve voltar a operar entre as bandas definidas pelo Banco Central, embora haja risco de volatilidade inicial devido ao excesso de hedge (proteção) que muitos operadores fizeram nos últimos dias.







