A arrecadação do governo federal registrou sua primeira queda real em 2025, de acordo com dados divulgados pela Receita Federal. O valor arrecadado em agosto foi de R$ 208,791 bilhões, uma retração de 1,50% em relação ao mesmo período do ano passado.
A Receita aponta que a queda está ligada à desaceleração da economia e a mudanças no calendário fiscal. O cenário de juros altos, com a taxa Selic mantida em 15% ao ano pelo Banco Central, contribuiu para o “resfriamento” da atividade econômica, afetando a arrecadação de impostos como o Imposto de Renda, Pis/Cofins e IPI.
A queda na receita preocupa o Ministério da Fazenda, já que uma arrecadação abaixo do esperado pode forçar o governo a realizar contingenciamentos no Orçamento para cumprir a meta fiscal.
Claudemir Malaquias, chefe do Centro de Estudos Tributários e Aduaneiros da Receita, afirmou que a arrecadação “guarda bastante simetria” com indicadores macroeconômicos como a produção industrial e as vendas no varejo, que também apresentaram quedas recentes.
Apesar da retração em agosto, a Receita Federal informou que o resultado foi impactado por um ganho extraordinário de R$ 3,6 bilhões em agosto de 2024, proveniente do adiamento de tributos no Rio Grande do Sul. Sem esse efeito, a arrecadação do mês teria registrado um leve aumento de 0,23%.
No acumulado de janeiro a agosto, a arrecadação federal somou R$ 1,889 trilhão, um crescimento real de 3,73% em relação a 2024. Este é um valor recorde para o período, impulsionado por receitas com o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), Pis/Cofins e contribuições previdenciárias.
Segundo Marcelo Gomide, coordenador da Receita, a arrecadação do IOF, por exemplo, teve um acréscimo de R$ 6 bilhões no ano, principalmente devido a ajustes na tributação realizados pelo governo.