As mudanças climáticas e o papel estratégico dos conselhos

As mudanças climáticas são transformações a longo prazo nos padrões de temperatura e clima. Essas mudanças podem ser naturais, como por meio de variações no ciclo solar. Mas, desde 1800, as atividades humanas têm sido o principal impulsionador das mudanças climáticas, principalmente devido à queima de combustíveis fósseis como carvão, petróleo e gás.

Muitas pessoas pensam que as mudanças climáticas significam principalmente temperaturas mais altas. Mas isso é apenas o começo. Como a Terra é um sistema onde todos estamos conectados, mudanças em uma área podem influenciar mudanças em todas as outras. Já as consequências incluem, entre outras, secas intensas, escassez de água, incêndios severos, aumento do nível do mar, inundações, derretimento do gelo polar, tempestades catastróficas e declínio da biodiversidade (Nações Unidas Brasil, 2024)

Essas mudanças podem afetar a saúde, capacidade de cultivar alimentos, habitação, segurança e trabalho, o que podem aumentar, em breve, o número de “refugiados do clima”.

Os combustíveis fósseis (gás natural, carvão mineral e, especialmente, petróleo) são uma das principais fontes de emissões de gases do efeito estufa (GEE) e a comunidade climática afirma que é preciso substituir essas fontes de energia por fontes sustentáveis se ainda houver disposição de impedir que o planeta se aqueça mais de 1,5ºC com relação aos níveis pré-industriais até o final do século.

Contudo, essa não é a disposição dos países produtores de petróleo e muito menos, a concordância geral das nações ricas em assumir o financiamento climático orçado em US$ 1 trilhão até 2030 aos países pobres e mais vulneráveis às mudanças climáticas (Chiaretti, 2024)

O fato é que as empresas, de maneira geral, independentemente dos acordos dos chefes de Estado precisam se preocuparem com a resiliência climática.

Resiliência climática é a capacidade de uma empresa de adaptar-se às mudanças climáticas, mantendo a operação e minimizando os riscos associados. Empresas com alta resiliência climática estão preparadas para enfrentar eventos extremos, como: secas, enchentes ou tempestades, bem como lidar com mudanças regulatórias voltadas à redução de emissões de carbono. (Freire, 2024).

Mas como alcançar essa resiliência climática?

A resiliência climática das empresas poderá ser alcança por meio de investimentos em infraestrutura resiliente, diversificação de fornecedores e adoção de tecnologias sustentáveis.

Não menos importante é a análise de cenários, isto é, uma ferramenta que permite que uma empresa projete diferentes futuros possíveis, considerando variáveis climáticas como aumento da temperatura, mudanças no padrão de precipitação e transição para uma economia de baixo carbono.

Essa análise envolve os cenários climáticos, como os projetados pelo Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas (IPCC) que avaliam diferentes níveis de aquecimento global e suas consequências, ajudando a empresa a identificar vulnerabilidades e planejar estratégias que possam resistir a diversas condições climáticas futuras

Ao divulgar as estratégias de resiliência implementadas, como investimento em infraestrutura adaptável, capacitação de equipes e adoção de tecnologias de baixo carbono, essas informações ajudam os investidores a avaliarem o compromisso da empresa com a adaptação e mitigação de riscos climáticos.

Dado que, a resiliência climática e análise de cenários impactam diretamente as demonstrações financeiras da empresa, influenciam a valorização de ativos, provisões para riscos futuros, e alocação de capital para mitigação.

Ao analisar como diferentes cenários climáticos influenciam seu modelo de negócios, levando a mudanças em operações, produtos ou mercados, essa adaptação ajuda a empresa a enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades relacionadas ao clima como, mudanças na prioridade de investimento e no foco das operações. Por exemplo: custos de adaptação para instalar sistemas de resfriamento avançado em suas fábricas em um cenário de aumento de temperatura de 3.ºC.

Tudo isso para dizer que a ação climática requer investimentos financeiros significativos por parte de governos e empresas. Mas a inação climática é muito mais cara. A ação climática é uma meta global, pois os impactos climáticos estão reduzindo o PIB em até 5% em muitos países.

A crise climática é uma crise de custo de vida, pois os desastres climáticos estão aumentando os custos para as famílias e empresas. Não se trata apenas de salvar economias e seu povo. Uma ação climática mais ousadia pode gerar oportunidades econômicas e abundância em todos os lugares (UNCC, 2024).

A sustentabilidade de sua empresa envolve práticas que permitem que as empresas operem com responsabilidade ambiental e social, mantendo a viabilidade financeira de longo prazo. E, com três crises planetárias – aquecimento global, perda da biodiversidade e poluição – a divulgação climática é de suma relevância para investidores e stakeholders e suas decisões de investimentos.

Em que lado ficará sua empresa?

Referências bibliográficas:

Chiaretti, D. Menção camuflada do G20 aos combustíveis fósseis frustra COP 29. Valor Econômico, 20/11/2024. Disponível em: https://valor.globo.com/mundo/cop29/noticia/2024/11/20/mencao-camuflada-do-g20-aos-combustiveis-fosseis-frustra-cop-29.ghtml

Freire, R. G. Resiliência climática e cenários. RP ESG projects. Curso Implementação IFRS S1 e S2 ESG de Verdade. PDF. 21/11/2024.

Nações Unidas Brasil. O que são as mudanças climáticas? Disponível em: https://brasil.un.org/pt-br/175180-o-que-s%C3%A3o-mudan%C3%A7as-clim%C3%A1ticas

UNCC United Nations Climate Change. Discurso na Cúpula de Ação Climática dos Líderes Mundiais da COP 29. 12/11/2024. Disponível em: https://unfccc.int/pt-pt/node/643189

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