Em 2024, o agronegócio brasileiro registrou R$ 164,4 bilhões em exportações, segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Esses dados reiteram o papel fundamental do setor na economia do país. No entanto, a crescente adoção de tecnologias para aumentar a produção tornou o setor um alvo constante de ataques cibernéticos.
Empresas no mundo todo já sofreram perdas multimilionárias devido a essas ameaças. Um exemplo notável ocorreu em Israel em 2023, quando um ataque cibernético teve como alvo um sistema de irrigação automatizado, interrompendo a produção.
Outro caso grave de ameaças cibernéticas no setor foi o ataque à Dole Food, uma das maiores produtoras de frutas e legumes do mundo. A empresa foi vítima de um ataque de ransomware, no qual cibercriminosos sequestraram dados confidenciais e exigiram resgate. O incidente impactou significativamente a distribuição de produtos nos Estados Unidos, resultando em perdas estimadas em cerca de US$ 10 milhões.
No Brasil, ao menos 60% dos produtores rurais não protegem seus sistemas de gestão agrícola, de acordo com estudo do Centro de Pesquisa e Transferência de Tecnologia Agrícola (CPT) e da USP, realizado há alguns anos.
“A tecnologia tem sido crucial para aumentar a produtividade, mas os cibercriminosos estão sempre procurando explorar vulnerabilidades em sistemas de TI. Se medidas corretivas não forem tomadas, esse tipo de situação pode levar a consequências graves e devastadoras”, explica Kishore Kumaar, Country Manager da ManageEngine.
Atualmente, empreendedores do setor estão aprimorando a produção por meio de tecnologias como GPS, sistemas robóticos, dispositivos conectados à nuvem, ferramentas de inteligência artificial e Internet das Coisas (IoT). No entanto, diante da crescente ameaça de ataques cibernéticos, as empresas do agronegócio precisam intensificar seus investimentos em segurança digital para proteger seus sistemas e garantir a continuidade operacional.
Implementar firewalls avançados e segmentação de rede são estratégias fundamentais para reduzir a superfície de ataque e impedir acessos não autorizados. Além disso, mecanismos, como a autenticação multifator (MFA) e o gerenciamento de acesso privilegiado, reforçando as defesas contra intrusões, o monitoramento contínuo de endpoints, as atualizações regulares de software e a correção de vulnerabilidades ajudam a reduzir os riscos e a evitar a exploração de falhas. Ao mesmo tempo, o uso de inteligência artificial para detectar atividades suspeitas em tempo real tem se mostrado essencial na prevenção de ataques sofisticados.
Outra medida necessária é a prevenção de incidentes, que inclui planos estruturados de resposta a ataques cibernéticos, garantindo que as empresas possam reagir rapidamente e minimizar os impactos operacionais. O treinamento contínuo dos funcionários e a adoção de melhores práticas básicas de segurança cibernética fortalecem a resiliência do setor.
Segundo Kishore, medidas como inteligência artificial e melhores práticas de segurança digital são essenciais para proteger a cadeia de suprimentos. “Um ataque cibernético bem-sucedido pode causar mais do que apenas perdas financeiras”, conta. “Se hackers interromperem a produção ou distribuição de alimentos, milhões de pessoas podem enfrentar escassez. Não é apenas uma questão econômica – é uma questão de vidas humanas”, conclui.
