O dia em que escolhi a árvore que queria ser revela muito sobre a líder que me tornei. Uma das grandes lições que aprendi sobre vida e liderança foram dadas pelo meu pai, Laércio, ainda na adolescência. Ele me levou a uma praça, sentou-se comigo em um dos bancos, mirou o olhar na única árvore que existia ali e disse: “Filha, você é como esta árvore! Analise cada detalhe dela com atenção e depois me diga o que achou”.
Na hora que vi seu porte majestoso e imponente, me senti poderosa e feliz. No entanto, instantes depois, ao prestar atenção naquela planta solitária, e em como as raízes, prensadas, arrebentavam o asfalto para sobreviver, a sensação anterior deu lugar a um sentimento de inquietação. “Agora veja a praça ao lado, com muitas árvores tão altas e bonitas quanto essa”, ele disse, e complementou: “Ali existem pessoas, alegria, vida em movimento. Ali existem árvores com raízes profundas, que não precisam quebrar o asfalto para estarem lá. Todos que ocupam aquele ecossistema convivem em harmonia. Agora, me responda: qual árvore você quer ser e qual ambiente quer proporcionar? A escolha é sua! Qual árvore você será?”.
Naquele dia, fiz a minha escolha. Na época, era uma pessoa com uma narrativa mais agressiva, e esta característica me deixava exposta diante de determinadas situações. E meu pai, sábio, percebendo o que estava acontecendo, resolveu me aconselhar.
Era preciso mudar. Tenho a convicção de que mais anos virão e as transformações continuarão a moldar meu caminho. Foram muitos encontros e desencontros, muitas conversas e situações confortáveis e desconfortáveis, muitos líderes e liderados, muita escuta ativa. Tive de passar por um processo de lapidação, e isso não foi simples ou fácil. Mas hoje, anos depois, sei exatamente qual é o meu lugar.
Sorrir para a vida
Nasci na cidade de São Paulo, e o relato do meu nascimento é uma daquelas histórias contadas com tanta intensidade e detalhes que quase consigo reviver a cena. Meu pai tinha grande expectativa por ter uma filha, pois já tinha um filho. Na semana anterior ao meu nascimento, ele estava tão ansioso que teve fortes dores de cabeça, e no dia do parto não conseguiu entrar na sala de cirurgia (pois não suporta ver sangue) e nem esperar na sala de espera. Para driblar a ansiedade, ele simplesmente devorou uma pizza inteira.
Enquanto isso, minha mãe, Ana Cristina, já em trabalho de parto, descreveu o momento como rápido e tranquilo. Não sei se esta é uma visão romântica deste instante, uma vez que naquela época não havia filmagens para registrar, mas ela afirma que nasci sorrindo.
Já contei esta história diversas vezes, e em ocasião de um congresso entre psiquiatras, um deles disse: “Sua única oportunidade de chorar da vida você desperdiçou”. Desde então, essa afirmação ecoa em alguns momentos.
Chorar é importante. Entrar em contato com as emoções é essencial. Mas quando o choro se enquadra na categoria de “Chorar da Vida”, me lembro dessa frase e entendo que não cabe mais. É necessário então mudar a postura, aceitar o que posso ou não fazer e seguir em frente. Ponto final!
Descubra quais são as suas contribuições valiosas
O momento decisivo aconteceu quando parei de tentar convencer a todos de que eu estava sempre certa ou de que minhas decisões eram as melhores, ou mesmo de provar minha competência. Não foi em um grande evento, nem durante uma meditação profunda, nem em uma manhã em que acordei diferente. Essa mudança significativa foi sutil, ocorreu lentamente aos olhos externos, mas ao mesmo tempo foi profundamente substancial. Passei a entender quais momentos minha atuação deveria ser contributiva, mas não decisiva, e quais momentos as minhas contribuições seriam valiosas e fundamentais.
Imergir na leitura do cenário foi crucial nesse processo. Era como se eu estivesse diante de um palco, observando os diferentes papéis que poderia desempenhar: a plateia, o coadjuvante, a mocinha, o bandido, o protagonista, o staff e até mesmo o bilheteiro. Compreender qual era o meu papel e onde eu poderia contribuir da melhor forma era essencial. Saber que eu precisava estar pronta para assumir qualquer um desses papéis quando necessário, me trouxe uma sensação de preparo e confiança únicas.
No início, eu buscava constantemente provar minha competência de diversas maneiras, apoiando-me em fatos e dados. Porém, em certo ponto da minha carreira, percebi que nos momentos em que estava segura de mim, todo o material que estava comigo era irrelevante. Foram inúmeras reuniões em que eles saíram intactos. Foi então que me dei conta de que a minha “fortaleza” não estava fora de mim, mas sim dentro de mim. A partir desse ponto, passei a lapidar cada vez mais esse centro para torná-lo cada vez mais eficiente.
Aprendi também que existe uma habilidade enorme, quando bem empregada, que é saber se calar quando for hora de se calar. O silêncio é extremamente fértil. Imagine o silêncio como uma folha de papel em branco. O que seria das histórias, das teorias, dos poemas e da escrita se não tivéssemos papéis em branco para serem escritos? Assim é o espaço em branco: uma reunião atropelada ou com uma narrativa contínua não dá espaço para novas construções, desconstruções, criações, etc.
Foi nesse momento de clareza que minha carreira ganhou uma nova e empolgante velocidade.
Como obter o melhor rendimento da equipe
No atual cenário, é essencial que o líder tenha um perfil de proximidade, algo que se torna crucial neste momento. O líder que possui essa característica ativa será capaz de influenciar gerações. É fundamental olhar para cada indivíduo de forma única, sem tentar rotulá-lo como parte de uma geração específica (Z, X, Y, Baby Boomer). Não busque enquadrá-lo tecnicamente; comece olhando-o nos olhos, pois cada pessoa é única e possui características próprias. Farei algumas perguntas: você cumprimenta o time quando os encontra? Ao falar com seus liderados, afasta o notebook ou celular? Consegue se concentrar no que estão dizendo? Mantém contato visual durante a conversa? Se respondeu “sim” a todas elas, parabéns! Você já é um líder diferenciado!
Aproxime-se da equipe, compreenda as dificuldades de cada um, seus gostos e desgostos, o que os motiva e o que os desmotiva… Tudo isso, é claro, respeitando os limites, pois proximidade não implica em intimidade. Dessa forma, será possível extrair o melhor de cada indivíduo; e, em troca, você também oferecerá o seu melhor, resultando em uma sinergia entre as duas partes. Não sou a pessoa mais experiente do mercado e certamente não sou uma guru de liderança, mas se eu pudesse dar uma recomendação, com certeza seria essa. Funcionou para mim e obtive melhores resultados. Por que não compartilhar, não é mesmo?
E assim como espero do liderado a transparência, a mesma régua vale para o líder. E um detalhe importante: transparência não quer dizer a franqueza. Porque ser franco tem uma questão de ser sem filtro; mas ser transparente traz consigo o cuidado na narrativa. Adjetivo no feedback não cabe.
Não caia no discurso do sacrifício e olhe pelas lentes das escolhas certas
Recentemente, uma frase que me foi repetida várias vezes chamou a minha atenção: “Você abriu mão de muitas coisas para chegar aonde chegou”. Essa frase, junto das discussões cada vez mais frequentes sobre mulheres na liderança, me levou a uma reflexão profunda. De alguma forma, eu não conseguia sentir que, ao conquistar uma posição de destaque como líder, havia também uma sensação de perda dentro de mim.
Olhando minha trajetória pelo retrovisor e buscando fazer uma breve retrospectiva, pude confirmar que durante a minha jornada profissional eu realmente não renunciei a situações que me gerassem o sentimento de perda. O que me faria sentir assim seriam situações em que os meus valores éticos ou a minha dignidade fossem feridos – e isso não ocorreu. Durante a minha carreira, eu precisei sim fazer escolhas, passar por situações difíceis, cometi erros, acertos, lidei com pessoas conflitantes e contei com uma excelente rede de apoio para que tudo isso fosse possível.
Então, em relação à frase “Você abriu mão de muitas coisas”, podemos avaliar que esse caminho sem dúvida envolve fazer escolhas, podendo ser menos tortuoso do que foi para aquelas que nos antecederam.
A tecnologia tirará os empregos?
Quando se fala em automação, há um receio de perder empregos, o que é um equívoco. A tecnologia abriu um oceano de novos mercados em uma velocidade inacreditável. Pensar que haverá escassez de empregos é uma visão limitada. É como se considerássemos voltar no tempo e reviver profissões como carimbeiro em cartórios, ascensorista de elevadores ou telefonistas. Como podemos pensar nessas profissões nos dias de hoje?
A tecnologia não deve ser vista como a vilã do emprego, mas sim como uma grande aliada. Ela é uma excelente ferramenta para transformar atividades repetitivas e de baixa complexidade em tarefas automatizadas, permitindo que os humanos se concentrem no que é mais complexo. Isso não é incrível?
O que precisamos incentivar é o estudo qualificado e direcionado. Quais serão os conhecimentos necessários para esse novo mercado ou até mesmo para esse novo mundo em rápida transformação? Não devemos temer o futuro, mas sim adotar uma visão otimista da qualidade de vida que podemos alcançar.
A decisão sobre se o futuro será positivo ou não depende do quanto você se qualificar adequadamente para isso.
Recursos Humanos, um setor em expansão
Nós lidamos com pessoas, então como não haveria oportunidades na área de Recursos Humanos? Recentemente, ingressei no mundo da Qualidade e descobri um universo de possibilidades. O que ainda não existe está pronto para ser criado. Desafie-se!
Embora essa estrutura tradicionalmente não se reporte à área de Recursos Humanos, compreendemos que seria altamente benéfico integrar essa gestão abrangendo toda a jornada do colaborador. Estamos falando da imersão da estrutura nas necessidades do negócio e no negócio de nossos clientes por meio de nossos colaboradores.
Atuar em todo o ecossistema, desde a candidatura até o desligamento eventual, incluindo admissão, treinamento, monitoramento, diagnósticos, desenvolvimento, carreira, sucessão, remuneração, aspectos jurídicos e reposição, nos permitiu estruturar uma gestão integrada e métodos de trabalho mais assertivos. Dessa forma, todas as áreas contribuem com seus conhecimentos especializados para alcançarmos resultados mais eficazes.
Essa é uma história nova, mas tenho certeza de que estamos deixando um legado que vai durar muito tempo. Juntos, estamos construindo um método integrado incrível!
Autoconfiança: a palavra da vez quando o assunto é “carreira”
Siga o seu caminho com coragem e determinação.
Observe com atenção cada placa, escolha uma e avance sem hesitar.
Faça de cada dia de trabalho uma oportunidade para brilhar intensamente.
Esteja preparado para mudanças no caminho, pois fazem parte da jornada.
Não se permita estagnar, mas sim caminhe com firmeza e confiança em cada passo.
Amanhã será um novo dia, cheio de possibilidades!
Faça do seu dia de trabalho o melhor que você pode oferecer, irradiando uma energia contagiante que atrai a todos ao seu redor.
Fonte: Exame – Histórias de Sucesso.