O mercado de milho no Brasil está em estado de atenção com a recente decisão do governo de zerar as tarifas de importação para todos os países, gerando debates sobre os possíveis impactos no mercado interno.
Apesar do Brasil ser um produtor superavitário, as importações de milho são uma prática regular, principalmente para atender à demanda da região Sul. Nos últimos anos, também se observa um crescimento das importações no Nordeste, com destaque para os países do Mercosul, especialmente o Paraguai, devido à isenção de impostos entre os membros do bloco.
A decisão do governo de zerar as tarifas de importação levanta questões sobre a competitividade do milho importado em relação ao produto nacional. A Biond Agro estima que o milho importado poderia chegar ao mercado interno com um custo entre R$ 85 e R$ 91 por saca. Caso esses preços se mostrem competitivos, o aumento da oferta interna poderá levar a uma ancoragem dos preços próximos aos R$ 80 por saca.
Felipe Jordy, gerente de inteligência e estratégia da Biond Agro, analisa o cenário: “A medida do governo pode ser uma faca de dois gumes. Se, por um lado, ela pode ajudar a controlar os preços internos, por outro, é uma ameaça para aquele produtor que espera melhores preços. É fundamental que se acompanhe de perto a evolução dos custos de importação e a reação dos produtores brasileiros.”
Além das questões tarifárias, o clima desempenha um papel importante no sucesso da safrinha de milho no Brasil. Adversidades climáticas podem comprometer a oferta interna, elevando os preços e abrindo espaço para importações de países vizinhos, como Argentina e Paraguai. Eles podem se tornar fornecedores estratégicos em um cenário de escassez.
“O clima é sempre uma variável importante, mas em um ano como este, com tantas incertezas no mercado internacional, ele se torna ainda mais crucial. Se tivermos problemas climáticos, a importação será uma válvula de escape para garantir o abastecimento interno e evitar uma alta excessiva nos preços do milho”, conclui Jordy.
Diante desse cenário complexo, o mercado de milho no Brasil permanece em compasso de espera, aguardando os próximos capítulos dessa história que envolve política, economia e clima.