A Axia (AXIA3), antiga Eletrobras, anunciou uma importante movimentação em seu capital, aprovando uma bonificação em ações no valor total de R$ 30 bilhões para seus acionistas.
A operação visa capitalizar parte da Reserva de Lucro da companhia, e será executada por meio da emissão de 606.796.117 novas ações preferenciais de classe “C” (PNCs). O valor unitário atribuído a cada ação bonificada é de R$ 49,44.
Os acionistas que detiverem ações da companhia na data-base de 19 de dezembro de 2025 serão os beneficiários. A proporção definida é a seguinte:
- Será entregue 0,2628378881074 ação PNC para cada 1 ação de qualquer classe (ordinária, preferencial “A” ou preferencial “B”) mantida em carteira.
A partir de 22 de dezembro de 2025, os papéis da Axia na B3 passarão a ser negociados “ex-direitos” (sem direito à bonificação). As novas ações PNCs resultantes da bonificação serão creditadas na posição dos acionistas no dia 26 de dezembro de 2025. Essa medida é vista como uma forma de remunerar o acionista sem desembolso de caixa, ao mesmo tempo em que a companhia reforça seu capital social.
Com a aprovação da reforma que prevê a tributação de dividendos a partir de 2026, declarar dividendos sobre lucros acumulados ainda em 2025 permite que a distribuição seja feita sob o regime de isenção fiscal para os acionistas. Ao emitir as ações PNCs (que são conversíveis e resgatáveis), a Axia está, na prática, convertendo um grande saldo de lucros retidos em um instrumento de longo prazo, cuja monetização (resgate/conversão) pode ser administrada de forma mais eficiente do ponto de vista tributário ao longo dos próximos anos.
A bonificação permite que a Axia remunere os acionistas sem pressionar seu caixa no curto prazo, preservando a liquidez para investimentos futuros e mantendo a disciplina de alocação de capital. O montante de R$ 30 bilhões se soma a uma reserva de lucros acumulada que, no terceiro trimestre de 2025, totalizava cerca de R$ 39,9 bilhões.
Essa operação bilionária é também um passo crucial no plano da Axia de migração para o Novo Mercado da B3, o mais alto nível de governança corporativa.
A criação das PNCs, com direito de voto e previsão de conversão futura em ações ordinárias, sinaliza o avanço da empresa em direção a uma estrutura de capital mais simplificada, onde a principal classe de ações (ordinárias) possui 100% de tag along (direito de venda conjunta em caso de alienação do controle). A reestruturação reforça o compromisso com a governança e moderniza a estrutura acionária, o que tem sido visto de forma positiva pelo mercado.









