A companhia aérea Azul protocolou, nesta quarta-feira (28), um pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos, recorrendo ao “Capítulo 11” da legislação americana. A medida foi tomada em um cenário de crescente endividamento da empresa, que atingiu R$ 31,35 bilhões no primeiro trimestre de 2025. O montante representa um aumento de 50,3% em comparação com o mesmo período do ano anterior.
A Azul informou que vinha encontrando dificuldades para obter recursos no mercado sem a proteção judicial americana. A empresa já havia conseguido captar cerca de US$ 1,6 bilhão em negociações com credores e investidores.
Em comunicado divulgado após o anúncio do pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos, o CEO da Azul, John Rodgerson, classificou a medida como uma “decisão estratégica” para “otimizar a estrutura de capital” da companhia. Segundo o executivo, a estrutura financeira da empresa foi “sobrecarregada pela pandemia da Covid-19, turbulências macroeconômicas e por problemas na cadeia de suprimentos da aviação“.
Rodgerson ressaltou que a estratégia da Azul vai além da reorganização financeira. “Ao utilizar esse processo, nós acreditamos que criaremos uma companhia aérea robusta, resiliente e líder – uma com a qual os Clientes continuarão adorando voar, na qual os Tripulantes continuarão amando trabalhar e que gerará valor para seus parceiros”, afirmou.
A decisão da Azul de buscar a proteção do Capítulo 11 marca uma mudança de postura da empresa, que anteriormente negava a intenção de recorrer a esse mecanismo.
O anúncio teve impacto imediato no mercado financeiro. As ADRs (American Depositary Receipts) da companhia chegaram a desabar 40% nas negociações de pré-mercado em Nova York. No Brasil, a bolsa de valores abrirá às 10h, mas o histórico recente já apontava para dificuldades. Há duas semanas, as ações da Azul lideraram as perdas do Ibovespa após a divulgação de um prejuízo de R$ 1,82 bilhão no primeiro trimestre de 2025, resultado considerado pior do que o registrado em 2024.
Com o pedido de recuperação judicial, a Azul se junta à Gol como as companhias aéreas em operação no Brasil que buscaram esse tipo de proteção para reestruturar suas finanças. A Gol acionou o “Capítulo 11″ em janeiro deste ano.