O Banco Central divulgou nesta terça-feira (25) a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), destacando que o cenário internacional segue desafiador, especialmente devido às incertezas em torno da política econômica dos Estados Unidos. A indefinição sobre a estratégia comercial norte-americana e seus impactos tem ampliado dúvidas quanto ao ritmo da desaceleração global, da desinflação e das futuras decisões do Federal Reserve (Fed), afetando o crescimento de outras economias.
Os bancos centrais das principais potências seguem comprometidos com a convergência da inflação para suas metas, em um contexto de pressão no mercado de trabalho. Diante desse cenário, o Copom avalia que países emergentes precisam manter uma postura cautelosa.
No Brasil, os indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho mostram resiliência, embora haja sinais de desaceleração gradual no crescimento. A inflação geral e seus componentes subjacentes continuam acima da meta e registraram alta nas divulgações mais recentes. Além disso, as projeções do Boletim Focus para a inflação de 2025 e 2026 subiram significativamente, para 5,7% e 4,5%, respectivamente.
O Banco Central destacou que a análise da atividade econômica, da demanda agregada, das expectativas inflacionárias, da inflação corrente e do ambiente internacional aponta para uma desaceleração gradual do crescimento, em linha com as projeções do Comitê.
Indicadores recentes, como os setores de serviços e indústria, além do nível de ocupação da população, sugerem uma moderação no ritmo da economia após um período de forte resiliência do mercado de trabalho. No último trimestre de 2024, o Produto Interno Bruto (PIB), ajustado sazonalmente, avançou 0,2% em relação ao trimestre anterior, desacelerando após altas de 1,3% e 0,7% nos períodos anteriores.
Do lado da demanda, o consumo das famílias recuou após treze trimestres consecutivos de crescimento, evidenciando um ajuste no comportamento econômico. O Copom segue monitorando esses movimentos para avaliar os impactos na política monetária.
O cenário inflacionário de curto prazo permanece desafiador, segundo a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). A inflação de serviços, conhecida por sua maior rigidez, segue acima do nível compatível com o cumprimento da meta e acelerou nas leituras mais recentes, refletindo um contexto de hiato positivo na economia.
Nos bens industrializados, a recente desvalorização do real tem pressionado preços e margens, com impacto já perceptível no atacado e tendência de repasse ao varejo nos próximos meses. O setor de alimentos também segue pressionado, com preços elevados que podem influenciar outros segmentos da economia devido a mecanismos inerciais característicos do Brasil.
A análise do Copom destaca que, caso se confirmem as projeções do cenário de referência, a inflação acumulada em 12 meses permanecerá acima do teto da meta por seis meses consecutivos, a partir de janeiro deste ano. Com a divulgação do índice de junho, o país poderá registrar, pela nova sistemática do regime de metas, um descumprimento formal do objetivo inflacionário.