Banco do Brasil enfrenta níveis recordes de inadimplência no agronegócio, diz CEO

Banco do Brasil (BBAS3) Anuncia 5 Novos Nomes para Liderar Empresas do Grupo

O Banco do Brasil está lidando com o maior nível de inadimplência já registrado em sua carteira de crédito ao agronegócio, segundo a CEO Tarciana Medeiros. A executiva afirmou, em teleconferência na sexta-feira (15), que a deterioração do cenário não havia sido prevista nem mesmo nas projeções mais pessimistas.

A declaração acontece após o banco divulgar resultados do segundo trimestre mais fracos do que o esperado e anunciar um corte na perspectiva de crescimento para o ano. A maior parte da inadimplência vem de produtores de soja, milho e gado do Centro-Oeste e Sul do Brasil. “Temos uma carteira de mais de 600 mil clientes, dos quais 20 mil estão inadimplentes. E 74% deles nunca haviam estado inadimplentes até dezembro de 2023″, disse Medeiros.

Muitos agricultores brasileiros têm enfrentado dificuldades com o clima adverso, altas taxas de juros e o aumento dos custos de insumos, o que resultou em um crescimento no número de pedidos de recuperação judicial.

O índice de inadimplência de 90 dias no setor agrícola do Banco do Brasil subiu para 3,49% no trimestre de abril a junho, acima dos 3,04% do trimestre anterior e dos 1,32% registrados no mesmo período do ano passado. Medeiros espera que o setor continue impactando os resultados do banco no curto prazo, destacando um terceiro trimestre “ainda estressante”.

O Banco do Brasil, tradicional pilar do crédito rural no país, não quis criar “expectativas irreais” entre os investidores, já que as dívidas da safra 2024/25 vencem até setembro.

Apesar do cenário desafiador, a instituição financeira prevê uma melhora a partir do quarto trimestre, impulsionada pelo crescimento da receita líquida de juros. O banco projeta que a redução da inadimplência no agronegócio virá com condições climáticas favoráveis, a previsão de uma safra robusta de grãos em 2025/26 e a recuperação nos preços das commodities.

As ações do Banco do Brasil chegaram a cair 4% no início do pregão em São Paulo, mas reverteram a tendência e fecharam o dia com alta de 1%. Analistas do Itaú BBA comentaram que o trimestre foi fraco, mas “de certa forma esperado”, e que mantêm cautela em relação à qualidade do crédito, mas não esperam uma grande reação negativa.

Sair da versão mobile