O Banco Mundial divulgou nesta terça-feira, 10, novas projeções que indicam uma desaceleração no ritmo de crescimento da economia brasileira. Segundo a organização, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deve expandir 2,4% em 2025 e 2,2% no ano seguinte. Essa estimativa representa uma queda significativa em relação ao crescimento de 3,4% registrado no ano passado.
A revisão para baixo, de acordo com o Banco Mundial, é atribuída principalmente aos efeitos das elevadas taxas de juros e à redução do apoio fiscal no país. “As políticas monetárias restritivas do País e o apoio fiscal limitado pesarão sobre os investimentos e os gastos dos consumidores”, alertou o organismo em seu relatório.
Em contraste, o Banco Mundial prevê que o crescimento da América Latina e do Caribe se manterá relativamente estável em 2025 e 2026, com taxas de 2,3% e 2,4%, respectivamente. Contudo, a organização revisou suas projeções para baixo para mais da metade das economias da região, com a maioria dos países, incluindo o Brasil, esperada para desacelerar. As exceções notáveis são Argentina, Colômbia, Equador e as nações do Caribe.
O México também sofreu uma revisão considerável em suas projeções, sendo apontado como o país mais vulnerável às novas políticas comerciais dos Estados Unidos sob a gestão do presidente Donald Trump. A expectativa do Banco Mundial é que o PIB mexicano cresça apenas 0,2% em 2025, um corte de 1,3 ponto percentual em relação à projeção anterior, mas com uma recuperação para 1,1% em 2026.
“O aumento das barreiras comerciais e dos níveis de incerteza no mundo todo estão pesando sobre a atividade comercial na América Latina e Caribe, principalmente no que diz respeito a exportações, investimentos e canais de confiança”, analisou o Banco Mundial em seu relatório.
Apesar da contração na atividade industrial e da quase estagnação do setor de serviços no primeiro trimestre de 2025, a forte recuperação dos setores agrícolas do Brasil e do México proporcionou um certo equilíbrio. No entanto, os indicadores econômicos mais recentes até maio sugerem um crescimento regional mais fraco.
A Argentina, por outro lado, se destaca na região, mantendo uma trajetória de “forte recuperação” iniciada no final de 2024. O Banco Mundial projeta um crescimento de 5,5% para o país em 2025 e de 4,5% em 2026, impulsionado pela estabilização macroeconômica após um período de recessão.
Outras projeções para a região incluem a Colômbia, com um crescimento esperado de 2,5% em 2025 e 2,7% em 2026, e o Chile, com avanços de 2,1% e 2,2%, respectivamente, impulsionados pelo setor de mineração. O Peru deve crescer 2,9% em 2025 e 2,5% em 2026, também com destaque para a mineração.
No Caribe, a previsão é de um crescimento de 3,9% em 2025 e 5,8% em 2026, liderado pela expansão do setor petrolífero da Guiana. Excluindo a Guiana, o crescimento esperado para o Caribe cai para 3% em 2025 e 3,1% em 2026.
O Banco Mundial alertou ainda que as previsões para a América Latina e o Caribe estão sujeitas a diversos riscos negativos, incluindo novas restrições comerciais, menor crescimento nos Estados Unidos e na China, e condições financeiras globais mais apertadas. “Condições financeiras globais mais restritas podem prejudicar os esforços contínuos de consolidação fiscal”, ressaltou o organismo.
Apesar dos “obstáculos econômicos significativos” esperados para 2025 na América Latina e no Caribe, o Banco Mundial projeta uma recuperação para a região em 2026 e 2027, impulsionada pela queda da inflação e das taxas de juros. Contudo, o relatório enfatiza que fatores internacionais, como os preços das commodities e a demanda global, terão uma influência crucial no desempenho econômico dos países.