Bancos se reestruturam para atuar com grandes fortunas e gestão de patrimônio

Itaú Unibanco, Banco do Brasil, Bradesco e Santander Brasil dominam mais da metade do mercado de investimentos no país

Após uma década de crescimento das plataformas independentes no mercado de investimentos, os grandes bancos estão reagindo de forma decisiva. Os principais conglomerados financeiros estão concentrando esforços para manter e expandir a gestão das aplicações financeiras dos clientes, com o objetivo de proteger seu espaço e diversificar a rentabilidade de suas operações.

Recentemente, o mercado de gestão de patrimônio, conhecido como wealth management, tem apresentado um crescimento significativo, refletindo a demanda dos investidores por um atendimento personalizado que atenda às suas necessidades específicas. Este segmento é responsável pela administração das aplicações e do patrimônio dos clientes mais ricos, aqueles que possuem R$ 5 milhões ou mais para investir. Além de buscar investimentos rentáveis, esse público utiliza os serviços bancários para planejamento sucessório e patrimonial, demandando uma assessoria financeira abrangente.

Em um cenário de fortes incertezas globais, caracterizado por inflação, altas taxas de juros e conflitos geopolíticos, o planejamento financeiro se torna essencial, seja para grandes fortunas ou patrimônios mais modestos. É nesse contexto que os grandes bancos estão focando e desenvolvendo novas estratégias.

Atualmente, Itaú Unibanco, Banco do Brasil, Bradesco e Santander Brasil dominam 56% do mercado de investimentos no país, conforme levantamento do Bank of America (BofA). Desde 2014, o Itaú expandiu sua participação de mercado, enquanto os outros três bancos tiveram uma performance relativamente estável. Em contraste, XP Investimentos e BTG Pactual cresceram ao consolidar casas independentes. No período, o setor de investimentos no Brasil cresceu 11% ao ano, alcançando R$ 15 trilhões em 2023, segundo o BofA.

XP e BTG ampliaram seu alcance além dos investimentos pessoais, oferecendo produtos e serviços bancários tradicionais, com o intuito de absorver não apenas a gestão dos investimentos, mas toda a vida financeira dos clientes. Em resposta, os bancos tradicionais têm investido na reestruturação de suas áreas de investimentos e reforçado sua assessoria, com a contratação de novos profissionais espalhados pelo país.

Os quatro grandes bancos buscam um objetivo comum: aumentar sua participação na carteira dos clientes, especialmente aqueles de média e alta renda. A competição é acirrada pelos depósitos, já que muitos recursos são aplicados em ativos como letras de crédito. A disputa também ocorre na área de assessoria, que é uma ferramenta poderosa para fidelizar clientes aos bancos.

“Diferentemente de outras áreas de wealth management, a nossa não é voltada para captar clientes ou recursos para o banco, ou para distribuir produtos. Ela é focada em fornecer assessoria”, afirma Carlos Constantini, diretor de Wealth Management & Services do Itaú.

A captação de recursos é uma parte crucial do esforço dos bancos. Nos últimos dez anos, a participação da poupança nas aplicações dos clientes caiu de 11% para 7%, conforme o BofA, reduzindo uma importante fonte de recursos para o crédito. Nos últimos três anos, os instrumentos bancários reagiram, aumentando sua participação de 19% em 2020 para 26% no ano passado.

“Investimentos são uma matéria-prima essencial, não só como uma fonte de receita, mas também como funding para as operações de crédito”, afirma Carlos André, vice-presidente de Wealth do Santander. “À medida que nossa estratégia de investimentos for bem-sucedida, teremos a capacidade de aprimorar outras áreas de negócios correlatas.”

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