No aporte de pouco mais de R$ 12 bilhões que será feito no próximo mês pelo trio 3G para capitalizar a Americanas, Beto Sicupira assumiu uma parte significativamente maior do que a dos outros sócios, de pelo menos R$ 7 bilhões.
Documentos da recuperação judicial mostram que a Sawdog, veículo ligado a Sicupira, é responsável por 57,27% do valor total no aumento de capital. A Cedar, de Jorge Paulo Lemann, contribuirá com 29,69%, ou R$ 3,7 bilhões, e a Samer, de Marcel Telles, com os 13% restantes, equivalentes a R$ 1,6 bilhão.
Em conversas reservadas, Sicupira tem se queixado de que poderá gastar até R$ 8 bilhões no processo de capitalização, conforme apurou o INSIGHT. Como os aportes são feitos via veículos controlados por cada um dos empresários, não é claro se os demais sócios podem entrar com valores adicionais nesses veículos na condição de minoritários.
Sicupira sempre foi o acionista com maior exposição na Americanas. Os sócios sempre tiveram participações diferentes nos veículos que investiam nas companhias, mas esta foi a primeira vez em que tiveram que fazer a partilha de fato, devido ao tamanho do rombo a ser coberto para manter a empresa funcionando após a fraude que retirou mais de R$ 25 bilhões da companhia.
Não é possível saber a fatia exata de cada um dos sócios, já que as participações estão todas sob veículos de investimento constituídos fora do Brasil. No entanto, Sicupira era o único que aparecia como acionista também na pessoa física, com 2% dos papéis. No total, juntos, os três investidores possuem pouco mais de 30% da Americanas.
Conforme apurado pelo INSIGHT, a participação de cada sócio na companhia não seguiu exatamente a proporção de sua fatia. No acerto entre os sócios, como Sicupira tinha a maior ascendência e supervisão sobre a varejista, coube a ele uma parte maior na capitalização.
Do valor total de capitalização acordado para reerguer a companhia, cerca de R$ 5 bilhões já foram integralizados na forma de dois empréstimos DIP, voltado para financiar companhias em recuperação judicial. Para além da fraude, o negócio foi, de longe, o pior investimento do grupo. O trio calcula que, desde que entrou nas Americanas, em 1982 (ainda como sócios do Garantia), perdeu R$ 33 bilhões, entre desvalorização das ações e aumentos de capital, já considerando o aporte a ser feito agora.