A indústria brasileira de processamento de soja estima investir R$ 5,9 bilhões nos próximos 12 meses, um movimento que poderá elevar a capacidade de esmagamento do país em cerca de 8%. A expansão é impulsionada principalmente pela crescente demanda por biodiesel, segundo dados divulgados pela Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais) nesta segunda-feira (22).
Os aportes permitirão um aumento de 6,2 milhões de toneladas/ano na capacidade de processamento, que atualmente é de 76,4 milhões de toneladas/ano. Com isso, o Brasil, que é o maior produtor e exportador global de soja, consolidará sua posição como o terceiro maior processador da oleaginosa, atrás apenas da China e dos Estados Unidos. A capacidade total do setor poderá ultrapassar a marca de 80 milhões de toneladas
O crescimento do processamento está diretamente ligado à demanda por biodiesel, cuja mistura obrigatória no diesel já está em 15% e deve continuar a aumentar nos próximos anos, conforme o cronograma do governo. O óleo de soja é a principal matéria-prima para o biodiesel no Brasil, respondendo por mais de 75% da produção neste ano.
Daniel Furlan Amaral, diretor de Economia da Abiove, destacou que o aumento da capacidade instalada reflete o “dinamismo da indústria e a importância estratégica do setor para a economia brasileira”. A expansão também visa atender à crescente demanda por farelo de soja nos mercados interno e externo, utilizado na produção de ração animal.
Apesar de os investimentos previstos para 2024 terem ficado abaixo das expectativas (R$ 4,5 bilhões, contra uma projeção de R$ 5,76 bilhões), o setor expandiu. O número de empresas de processamento subiu de 67 para 75, e as unidades industriais ativas passaram de 113 para 127.
A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) divulgou uma previsão preliminar de que a safra brasileira de soja em 2026 poderá atingir um novo recorde de 177,67 milhões de toneladas, um aumento de 3,6%. Para 2025, a Abiove estima uma produção de cerca de 170 milhões de toneladas. Do total da safra, 58,5 milhões de toneladas serão processadas no país — um recorde —, enquanto a maior parte será exportada em grão.
A região Centro-Oeste, que é a maior produtora de soja do Brasil, continua a concentrar a indústria de processamento. Atualmente, responde por 44,4% da capacidade nacional, com o estado do Mato Grosso sozinho detendo 23%.