Diante dos desafios persistentes no campo, uma nova geração de soluções está emergindo como protagonista da transformação no agronegócio: os bioinsumos. Impulsionados pela urgência climática, pelo aumento da pressão internacional por sustentabilidade e pela exaustão do modelo químico tradicional, os produtos biológicos vêm ganhando tração no Brasil, e abrindo espaço para uma onda de inovação impulsionada por startups, investidores e plataformas como a Arara Seed, pioneira em co-investimento coletivo no agro.
Segundo o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg), a área tratada com pesticidas deve ultrapassar 2 bilhões de hectares na safra 2024/25, um crescimento de 6% em relação ao ciclo anterior.
Já o volume de defensivos químicos cresceu 8,5%, com destaque para herbicidas (45%), fungicidas (23%) e inseticidas (23%). Os dados revelam um paradoxo: a agricultura brasileira segue produtiva, mas cada vez mais dependente de insumos químicos intensivos — um caminho insustentável a longo prazo. É neste cenário que os biológicos despontam como alternativa estratégica e com apelo à agricultura regenerativa.
O Brasil já é considerado líder mundial no uso de bioinsumos, tanto em volume quanto em área tratada. O setor movimentou cerca de R$ 5 bilhões na safra 2023/24, com crescimento médio anual de 21% — quase quatro vezes acima da média global, de acordo com a CropLife Brasil e a Abisolo. As projeções indicam que os biológicos devem representar 20% de todo o mercado de defensivos agrícolas até 2030 no país.
Além da eficiência agronômica, os biológicos têm sido aliados valiosos na restauração de solos degradados, atuando no equilíbrio da microbiota, na redução da compactação, no aumento da matéria orgânica e na resiliência contra estresses climáticos.
De acordo com o Arara Tech Report 2024, o investimento em startups do agro, food e clima no Brasil somou R$ 1,16 bilhão, com 41 startups investidas — um crescimento de 12% em relação a 2023. Boa parte desse capital tem sido direcionada a soluções regenerativas, como manejo biológico, agricultura de precisão, drones autônomos, regeneração do solo e rastreabilidade.
“Os desafios são antigos e conhecidos, mas a tecnologia já oferece caminhos viáveis. O que precisamos agora é acelerar a adoção dessas soluções para garantir equilíbrio entre produtividade, sustentabilidade e segurança alimentar”, afirma Henrique Galvani, CEO da Arara Seed.
Nos últimos anos, o Brasil testemunhou importantes movimentações no setor de biológicos:
- Biotrop foi adquirida em 2023 pela Biobest Group (Bélgica), num movimento avaliado em mais de R$ 2 bilhões, marcando a consolidação do setor no Brasil.
- Bioworld, agtech brasileira especializada em soluções biológicas on-farm para o controle de pragas, doenças e promoção de crescimento vegetal, tem se destacado por seu portfólio robusto com mais de 30 produtos registrados e presença em mais de 2,5 milhões de hectares no Brasil.
- Agrivalle, especializada em biofertilizantes e defensivos biológicos, recebeu aporte do fundo Aqua Capital para expansão internacional.
- Gênica, com sede em Piracicaba (SP), é uma das líderes em inovação no setor de biológicos, com foco em bioestimulantes e defensivos microbiológicos. A empresa tem recebido sucessivos aportes para expansão industrial e tecnológica, além de formar alianças com centros de pesquisa e universidades. Em 2023, a Gênica foi reconhecida entre as 100 startups mais promissoras do agro.
- Agrion, especializada em biológicos de alta tecnologia, firmou uma joint venture com a multinacional japonesa Mitsui & Co., marcando a entrada estratégica do Japão no mercado de bioinsumos brasileiro. A parceria visa ampliar a oferta de soluções sustentáveis para grandes culturas como soja, milho e cana.
- Solubio, startup que oferece biofábricas móveis para produtores, cresce com capital privado nacional e já atende mais de 2 milhões de hectares.
- Symborg, adquirida pela multinacional Corteva, também teve suas raízes na agricultura regenerativa, com foco em microbiologia do solo.
A Arara Seed também tem contribuído com a originação e estruturação de rodadas para agtechs early-stage com foco em impacto ambiental e regeneração de áreas degradadas, impulsionando empreendedores a transformar ciência e tecnologia em ativos de alto valor para o campo.
“O próximo passo é transformar essas inovações em soluções acessíveis para todos os produtores, grandes e pequenos. Com o apoio de investidores e o avanço das tecnologias agrícolas, o agronegócio brasileiro tem a oportunidade de reduzir sua dependência química de forma sustentável e eficiente nos próximos anos. O Brasil, mais uma vez, tem a chance de liderar um novo paradigma: um agro que alia tecnologia, produtividade e regeneração ambiental com rentabilidade e protagonismo global”, conclui Galvani.