A Black Jaguar Foundation (BJF) alcançou a marca de 1,2 milhão de árvores nativas plantadas no Corredor de Biodiversidade do Araguaia, iniciativa que conecta Cerrado e Amazônia – dois dos biomas mais ameaçados do planeta –, contribuindo para a proteção da biodiversidade e dos recursos hídricos da região. O resultado foi atingido na temporada de plantio entre novembro de 2024 e junho de 2025, período em que foram restaurados 244 hectares. Com isso, o total acumulado desde o início das atividades de restauração, em 2018, chegou a 626,81 hectares – o equivalente a mais de 870 campos de futebol.
O instituto lidera um dos maiores projetos de restauração ecológica do mundo, com a meta ambiciosa de restaurar 1 milhão de hectares ao longo de 2.600 quilômetros às margens do rio Araguaia, entre os estados do Pará e Goiás. Atualmente, o projeto atua nos municípios de Santana do Araguaia (PA), Marianópolis do Tocantins (TO) e Caseara (TO).
Segundo explica Matheus Fonseca, engenheiro florestal e analista de Restauração Ecológica da BJF, na temporada 2024/2025 a principal dificuldade foi a irregularidade das chuvas, já que todo o cronograma de plantio depende do início do período chuvoso, geralmente entre outubro e novembro. “Se as chuvas atrasam ou cessam antes do esperado, corremos o risco de perder áreas inteiras. Esse controle hídrico, que foge ao nosso alcance, é o maior gargalo da restauração”, afirmou.
Para ganhar eficiência diante desse desafio, a BJF tem ampliado o uso de técnicas de mecanização das áreas de plantio. Antes, o preparo do solo era feito quase sempre de forma manual, com roçadas e intervenções localizadas. Hoje, quando a área permite, é realizada dragagem mecanizada em toda a extensão, o que garante maior rapidez e alcance. “A mecanização contribuiu bastante para ampliarmos o número de hectares restaurados a cada temporada, sem perder qualidade no processo”, explica Fonseca.
O planejamento para a temporada 2025/2026 ainda está em fase final de definição, mas a expectativa é restaurar cerca de 205 hectares em aproximadamente 11 propriedades – número que pode crescer, segundo o engenheiro, devido à mecanização. Pela primeira vez, a restauração também incluirá pequenas propriedades rurais localizadas em assentamentos da região.
O trabalho da BJF não se limita ao plantio de novas áreas, mas também ao cuidado contínuo das áreas já restauradas. Na próxima temporada, por exemplo, a equipe também será responsável pela manutenção de mais de 667 hectares – que incluem tanto os novos plantios quanto os realizados nas três temporadas anteriores. Esse acompanhamento é fundamental nos primeiros três anos para assegurar o desenvolvimento das espécies, depois não exigem manutenção intensiva, passando apenas por monitoramento.
Ao todo, o projeto envolve 24 fazendas parceiras e mobiliza a rede de coletores Ressemear, formada por mais de 115 pessoas – 69% delas mulheres – que já coletaram cerca de 4,5 toneladas de sementes de 60 espécies nativas. Essas sementes abastecem não só a produção de mudas da BJF no Araguaia, mas também projetos de restauração em outros pontos do Cerrado e da Amazônia.
A Black Jaguar Foundation se prepara para expandir o alcance ao longo do rio Araguaia nos próximos anos, contribuindo diretamente para o combate à crise climática e para que o Brasil avance no cumprimento de suas metas no Acordo de Paris.