A gigante de private equity Blackstone retirou-se de um consórcio que buscava investir nas operações do TikTok nos Estados Unidos, informou à Reuters na sexta-feira uma fonte com conhecimento direto do assunto. A decisão ocorre em um momento de crescente incerteza e múltiplos adiamentos em relação ao futuro do TikTok, que se tornou um ponto central nas negociações comerciais entre os EUA e a China.
A Blackstone tinha planos de adquirir uma participação minoritária nos negócios do TikTok nos EUA, em um acordo que havia sido negociado sob a administração do então presidente Donald Trump. O consórcio, que ainda inclui o Susquehanna International Group e a General Atlantic, atuais investidores da ByteDance (empresa chinesa proprietária do TikTok), era considerado o principal candidato para assumir as operações americanas do aplicativo. O modelo de acordo previa que investidores americanos deteriam 80% do TikTok, enquanto a ByteDance manteria uma participação minoritária.
O prazo para que a ByteDance vendesse o popular aplicativo de mídia social nos EUA tem sido repetidamente adiado, gerando insegurança entre os investidores. No mês passado, Trump assinou uma terceira ordem executiva estendendo o prazo para 17 de setembro, caso a ByteDance não consiga concluir a venda. Em abril de 2024, o Congresso aprovou uma lei que exige a venda ou o fechamento do TikTok até 19 de janeiro de 2025.
As prorrogações têm gerado críticas de alguns legisladores, que acusam o governo Trump de desrespeitar a lei e ignorar as preocupações de segurança nacional relacionadas ao controle chinês sobre o TikTok. A ByteDance tem explorado diversas alternativas para mitigar essas preocupações, incluindo a venda ou a reestruturação de suas operações nos EUA. A empresa chinesa recentemente superou a Meta em receita trimestral, com um faturamento de US$ 43 bilhões nos primeiros três meses deste ano, conforme reportado pela Reuters.
O consórcio americano, que contava com o apoio do governo para qualquer acordo envolvendo o TikTok, também inclui a KKR e novos investidores como a Andreessen Horowitz, conforme havia sido noticiado anteriormente. A Oracle também deve adquirir uma participação. A Reuters não conseguiu confirmar se os demais membros do consórcio ainda estão envolvidos.
Um acordo para separar as operações americanas do TikTok e transformá-las em uma nova empresa com sede nos EUA estava em discussão nesta primavera. No entanto, as negociações foram suspensas após a China sinalizar que não aprovaria a transação, especialmente após o anúncio de novas tarifas sobre produtos chineses por parte de Trump. Caso a venda seja concluída, espera-se que o novo aplicativo americano seja controlado por uma joint venture formada por um consórcio de investidores americanos e pela ByteDance, que manteria uma participação minoritária. O TikTok já estaria trabalhando em um aplicativo específico para o mercado americano, segundo fontes da Reuters.
A decisão da Blackstone de se retirar do consórcio evidencia a complexidade e a incerteza que cercam o futuro do TikTok nos Estados Unidos, com as negociações agora intrinsecamente ligadas às discussões comerciais mais amplas entre Trump e a China. O próprio Trump afirmou que pretende discutir a questão do TikTok com o presidente chinês Xi Jinping.