Blockchain transforma lixo orgânico em dados

Compostos "tokenizados" podem ser rastreados, certificados e até negociados de forma segregada como meta de mitigação de emissões e de tratamento de resíduos sólidos

A Carrot.eco, uma startup suíça fundada por dois brasileiros, desenvolveu uma blockchain com o objetivo de viabilizar o processo de compostagem e reduzir o envio de resíduos orgânicos para aterros sanitários. A proposta é “tokenizar” toda a cadeia de compostos e dejetos orgânicos, desde a geração em restaurantes e na indústria alimentícia, até o transporte e a compostagem.

Uma vez digitalmente “reproduzidos” na blockchain, os compostos orgânicos passam a ser informações que podem ser rastreadas, certificadas e até negociadas separadamente como metas de mitigação de emissões e de tratamento de resíduos sólidos, gerando renda para os participantes do processo. Utilizando “smart contracts”, ou contratos inteligentes, as massas de resíduos se transformam em dados.

Esses dados, registrados na blockchain, permitem acompanhar a quantidade de resíduo orgânico de um gerador que deixou de ir para aterros, quanto foi transformado em adubo e o volume de gases de efeito estufa que deixaram de ser emitidos.

Todo o metano e gás carbônico que deixam de ser lançados dos aterros para a atmosfera, por exemplo, se transformam em créditos de carbono e são convertidos em tokens. O dinheiro da venda desses créditos de carbono é dividido entre os participantes da cadeia, incentivando mais agentes do segmento a se interessarem em integrar à rede.

Segundo Ian McKee, CEO da empresa, não só no Brasil, mas em vários países, grandes geradores de resíduos, como restaurantes e redes de supermercados, são obrigados a contratar empresas para destinar a grande quantidade de lixo que produzem. “Por não terem a obrigação de comprovar a reciclagem, grande parte dos resíduos acaba em aterros ou lixões”, disse ele.

De acordo com um relatório do Banco Mundial, se a situação seguir o cenário atual, os lixões serão responsáveis por 10% das emissões de gases de efeito estufa até 2025. O estudo mostra que o Brasil é um dos piores gestores de resíduos do mundo, ocupando a 114ª posição entre 124 países que oferecem dados, representando cerca de 40% do que é jogado fora em toda a América Latina.

Além de resíduos orgânicos, a blockchain da Carrot.eco também tem o objetivo de integrar outros tipos de resíduos. A ideia da empresa é ser uma solução de rastreamento de resíduos como um todo.

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