A Boa Safra (SOJA3), uma das principais empresas do agronegócio focada em sementes de soja, encerrou o terceiro trimestre de 2025 com forte crescimento na receita, mas viu seu lucro líquido ser limitado pela alta de juros e pela pressão sobre as margens.
A Receita Líquida da companhia atingiu R$ 1,1 bilhão, uma expansão de 56% em relação ao mesmo período do ano anterior. O EBITDA ajustado (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) também apresentou alta expressiva de 54%, totalizando R$ 113 milhões. No entanto, o Lucro Líquido cresceu em ritmo menor, 26%, fechando o trimestre em R$ 68 milhões.
O CEO da Boa Safra, Marino Colpo, explicou que, apesar do crescimento robusto de 56% no faturamento, o resultado final foi detrator. “Os principais detratores foram juros mais altos e margens mais apertadas, além da variação dos preços das commodities“, afirmou o executivo. A despesa financeira da empresa aumentou de R$ 24 milhões para R$ 36 milhões no trimestre.
O diretor financeiro, Felipe Marques, destacou que o juro alto foi o principal fator limitante para a expansão do resultado líquido. Ele, contudo, expressou otimismo, acreditando que o pico dos juros já passou, e mencionou que a empresa se preparou com captações via CRA (Certificados de Recebíveis do Agronegócio) em taxas prefixadas, utilizando swap para CDI, o que deve beneficiar a companhia com a esperada queda da Selic.
As margens foram adicionalmente pressionadas pelo aumento de cerca de 40% no volume produzido, por maiores despesas com logística e pelo aumento das operações na modalidade CIF (custo, seguro e frete), que reduzem a margem percebida no final.
Apesar das pressões, a Boa Safra priorizou a qualidade. O CEO mencionou que a empresa optou por descartar parte das sementes para manter seu padrão de qualidade acima de 90%, sacrificando um faturamento potencialmente maior.
Olhando para frente, a perspectiva é positiva. A carteira de pedidos atingiu R$ 862 milhões, o maior volume já registrado para um quarto trimestre. Desse total, R$ 761 milhões são em sementes de soja (crescimento de 18% sobre o 3T24) e R$ 101 milhões em outras culturas (alta de 206%).
A companhia encerrou o trimestre com uma estrutura de capital sólida, com R$ 1,2 bilhão em caixa e 95% da dívida no longo prazo, fruto das duas emissões de CRA realizadas em 2025.









